Apenas 46,6% dos eleitores inscritos se decidiram a arrostar com o frio polar que se abateu sobre o país para exercer o direito, e o dever, que a Democracia lhes concede de escolherem o Presidente da República.
É certo que a abstenção já fora ligeiramente superior ao número de votantes nas eleições presidenciais de 2001. No entanto, a abstenção de hoje prenuncia, a médio prazo, a catástrofe da Democracia.
Pode evitar-se? Pode.
Precisamos, por um lado, que apareçam candidatos de grande mérito e acima de qualquer suspeita de envolvimento com a política, por causa do nepotismo e da corrupção associados. E, por outro lado, precisamos que os eleitores deixem de continuar a refugiar-se no cómodo pensamento de que os candidatos “são todos iguais”, para poderem mergulhar de consciência tranquila no prazer da alienação pelo futebol e pelas telenovelas e, em vez disso, adquiram apetência para se informarem sobre a saúde, o ensino, a justiça, a economia e as finanças do país.
No curriculum do ensino regular pontua a Formação Cívica e no Curso Novas Oportunidades temos a Cidadania e Empregabilidade mas, pelos vistos, os docentes a quem os directores dos agrupamentos confiam a leccionação destas áreas estão a obter um tremendo insucesso. Talvez porque privilegiem o compadrio em detrimento do mérito...
Mas isto levar-nos-ia para o fosso entre os resultados inscritos nas actas das reuniões de avaliação e os resultados verídicos, o que é um problema de política educativa portanto cabe aos políticos resolvê-lo. A não ser que persigam o objectivo de reduzir as eleições ao universo dos militantes dos seus partidos.
Temos de concordar que é um método seguro de gerir as suas carreiras. O único senão é que vão incentivar a diáspora e transformar Portugal no país mais pobre da União Europeia.
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