domingo, 30 de março de 2014

Tradições africanas ou o futuro da Europa?


Já sabemos que a esquerda radical tem três preocupações essenciais, a legalização da cannabis, o calote da dívida pública e a homossexualidade. No Público, que deve ser o jornal que mais jornalistas esquerdistas tem por metro quadrado, sendo raro o dia que não publica algo sobre estes temas, costuma haver mais notícias sobre gays do que lésbicas, donde se poderá inferir que os primeiros predominam.
Havia, então, que resolver o problema do excesso de mulheres solitárias. Devem ter encontrado a solução nesta reportagem. Eis um resumo, redigido numa perspectiva heterossexual, monogâmica e no reconhecimento do direito da mulher trabalhadora ao recebimento de um salário:


Em 1985, um angolano oriundo do sul de Angola criou aí uma comunidade agrícola e pecuária, mais especificamente no Giraúl, província do Namibe (antiga Moçamedes), usando como mão-de-obra 54 mulheres e muitos dos 154 filhos que delas teve, bem como os 60 netos.

Ao jornalista que fez a reportagem, o patriarca mostrou o seu livro de registos, no estilo dos antigos livros de mercearia, onde constam, para além do nome completo, a data de nascimento e o número correspondente de cada um dos seus filhos, nascidos na comunidade. Dos seus filhos, 25 morreram e os primeiros quatro, que deixou no sul antes de ir para Luanda, nunca os chegou a registar. Actualmente quatro mulheres estão grávidas.

Tchikuteny, o patriarca, é da etnia mucubal e está casado com Eva, com quem partilha a residência oficial.
Onze das suas concubinas saíram, entretanto, da comunidade para seguirem outro rumo. Cada uma das restantes tem casa própria, de dimensão proporcional ao número de crianças que lá vivem, feita de pau-a-pique, ou seja, de ramos entrecruzados e barro, recorrendo aos ramos das acácias que abundam no leito seco do rio Giraúl. Nestas casas, Tchikuteny não entra porque a relação privilegiada é a de mãe-criança, “onde homem não deve entrar”.
Há ainda uma outra casa, dedicada aos "encontros amorosos", que podem acontecer com mais do que uma parceira. Nessa, a construção é de tijolo de adobe misturado com cimento e as paredes são rebocadas. O tecto, de zinco, é sustentado por pequenas vigas em ferro. Tem uma só divisão, ampla, com algum mobiliário. Ao centro está uma cama de casal em madeira e uma rede mosquiteira, “um luxo quase de cenário de harém” nas palavras do fascinado jornalista.

As concubinas e os filhos cultivam mandioca, milho, mangueiras e bananeiras no leito seco do rio e noutros terrenos planos adjacentes. Mesmo não sendo frequente chover, são terrenos férteis, verdadeiros oásis, graças a um furo artesiano feito a meio do leito do rio. Outra fonte de rendimento é a criação de gado: mais de uma centena de cabeças de gado, metade bovino e outra metade caprino.
Os produtos são vendidos no mercado do Giraúl, à beira da estrada nacional que liga os cerca de 190km que separam as cidades de Namibe e de Lubango.

O patriarca faz a gestão da empresa: separa os bens que ficam para sustento das famílias e os que seguem para ser vendidos; distribui as tarefas agrícolas e pecuárias e reparte os alimentos pelas diferentes casas. O jornalista, que antes já lhe chamara “pai zeloso” por lhe ter pedido para transportar um filho para o hospital, aproveita agora para elogiar as suas qualidades de gestor:
Um pequeno exemplo da sua organização é o facto de todos os dias, com excepção do domingo, a família ter à disposição pão fresco sobre a mesa, porque Tchikuteny acertou com a padaria na cidade o fornecimento de pão a troco do milho que produz”.
E termina, agradecendo o cacho de bananas que o patriarca mandou pôr na bagageira do carro com um "Obrigado sim".





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