quinta-feira, 6 de março de 2014

O protesto dos polícias defronte do parlamento





Profissionais das forças de segurança provenientes de todo o País juntaram-se hoje na praça Marquês de Pombal, em Lisboa, e marcharam para o parlamento, sendo claro o predomínio dos elementos da GNR.
O secretário nacional da Comissão Coordenadora Permanente (CCP) dos Sindicatos e Associações Profissionais das Forças e Serviços de Segurança, Paulo Rodrigues, estimou em 15 mil os manifestantes e, após uma reunião com Assunção Esteves, disse que não tinha obtido qualquer compromisso da presidente da Assembleia da República mas esperava que a manifestação tivesse impacto nas decisões do Governo.

Ao longo do trajecto os apelos à invasão da escadaria do parlamento deixavam antever a repetição dos acontecimentos de 21 de Novembro de 2013 que conduziu à demissão do director nacional da PSP.

Chegados ao parlamento, os manifestantes gritaram “Polícias unidos jamais serão vencidos” e “Passos toma atenção, os polícias têm razão”.
A tensão entre os manifestantes e os numerosos elementos do Corpo de Intervenção que impediam o acesso ao parlamento crescia sempre que era cantado o hino nacional. Houve derrubamento das barreiras metálicas na base da escadaria da Assembleia da República e os manifestantes forçaram por várias vezes o cordão policial, tendo subido até ao primeiro patamar dessa escadaria mas não chegaram ao topo.
O porta-voz da PSP, comissário Rui Costa, procurou resolver a situação pela via do diálogo, mas chegou a advertir os manifestantes de que, no caso de subirem a escadaria, a PSP tinha legitimidade para usar a força.

No final da manifestação, apurou-se que seis elementos do Corpo de Intervenção da PSP e quatro manifestantes ficaram feridos e foram assistidos por equipas do INEM. Dois manifestantes foram identificados devido a desacatos.


Actualização em 7 de Março

Dois dos agentes do Corpo de Intervenção deram entrada no hospital com cortes nos braços feitos por manifestantes com armas brancas. Há relatos de que alguns manifestantes usaram gás pimenta na direcção dos polícias de serviço.
Os dois manifestantes identificados são guardas prisionais que passaram o cordão policial, tendo subido alguns degraus da escadaria do parlamento. Um deles está a usar pulseira electrónica por violência doméstica.






06/03/2014 - 20:53

06/03/2014 - 21:59

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Em Janeiro, as forças de segurança sofreram novos cortes salariais que, segundo os sindicatos, rondam 200 euros mensais, em média, cortes esses que foram aplicados a todos os funcionários públicos na sequência do Orçamento do Estado para 2014. Acompanharam também o aumento de 1% dos descontos para os subsistemas de saúde, a SAD no caso deles, que em Abril voltam a subir mais 1% em toda a função pública.
Depois da manifestação de Novembro receberam um aumento do subsídio de fardamento, de 25 para 50 euros, mas estavam à espera de mais.

Os polícias tem o direito de se manifestarem como todos os outros cidadãos. No entanto, não têm o direito de exigir uma situação excepcional em termos de cortes salariais face ao resto da função pública.
Nem tão-pouco podem invadir as escadarias do parlamento, comportamento que não é permitido a nenhum manifestante e que é punido por lei com uma carga policial. Com que moralidade os policias podem exigir aos outros cidadãos que cumpram a lei, se eles próprios não o fizerem?

O 25 de Abril permitiu a legalização dos vários partidos políticos com o objectivo de melhorar a vida dos portugueses, mas os políticos apoderaram-se do poder local para daí dominarem o poder central e conquistarem benesses económicas para eles próprios e para os seus comparsas.
É contra a incompetência, o nepotismo e a corrupção dos políticos que é preciso lutar. Ora o que se está a ver é que cada grupo profissional luta por uma fatia maior do orçamento de Estado perdendo de vista o interesse nacional. Nunca uma verdadeira democracia conseguirá sobreviver num País minado por grupos de interesses.


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