sábado, 8 de março de 2014

A mentira no centro da política





Desta vez José Pacheco Pereira enfiou-se numa discussão filosófica sobre a mentira muito apropriada para um artigo publicado num jornal sueco, dinamarquês ou alemão mas que não combina com a mentalidade da maioria dos nossos compatriotas.
Note-se que o objecto do artigo é muito pertinente. E só pelo facto de poder lançar a discussão do tema da mentira e o valor da palavra de honra na nossa sociedade, mais uma vez merece elogio a atitude de Passos Coelho face à indelicadeza da coordenadora bloquista no debate quinzenal no parlamento.

O sentido da honra era ensinado na família e na escola pública do tempo da ditadura como a qualidade mais importante de uma pessoa com exemplos dramáticos como o de Egas Moniz com a mulher e os filhos de baraço ao pescoço aos pés de Afonso VII de Leão por quebra de compromisso. E a palavra de honra era vista como mais relevante do que qualquer contrato escrito e considerada o que de mais valioso podia oferecer um ser humano.
Depois do 25 de Abril a palavra de honra começou a ser substituída pela intrigalhada política e os jogos de interesses financeiros entre políticos e empresários, a mentira criou raízes, acabou por contaminar a sociedade portuguesa e já há focos de infecção até dentro das universidades públicas.

Deixar a mentira ocupar o centro da política é o maior crime que se pode imputar aos políticos portugueses, sejam governantes, deputados ou autarcas. Atrás da mentira surgiu a incompetência, a subserviência, o nepotismo, a desonestidade, a corrupção e três bancarrotas.

Quase todas as profissões são imprescindíveis, mas o que se vê actualmente é cada grupo profissional a puxar a brasa à sua sardinha, forjando sofismas na ânsia de provar que o trabalho dos seus membros é essencial à sociedade e tem de ser melhor remunerado senão o País pára. É assim com os trabalhadores dos transportes públicos, da TAP e doutras empresas públicas, os professores, os médicos, os enfermeiros, os administrativos, os militares, os polícias, ...

Em 2015, o eleitorado vai dar uma maioria relativa ao PS porque Seguro tem feito promessas de acabar com a austeridade logo que chegue ao poder. Ora qualquer português que se tenha preocupado em aprender conhecimentos elementares de economia e finanças e procurado obter informação nos sítios da internet do Banco de Portugal, do Ministério das Finanças, do Eurostat, do FMI, ... , sabe que é mentira.

Qualquer que seja o primeiro-ministro que conduza o PS à vitória, António José Seguro ou António Costa, o governo que se seguirá vai manter os cortes salariais e das pensões que o governo de Passos Coelho vai deixar. E só não vai fazer mais contratos ruinosos com PPP’s e com produtores de energia eléctrica e deixar descontrolar os défices públicos porque as regras europeias determinam que, depois de terem precisado de um programa de ajustamento económico e financeiro, os países ficarão sob supervisão pós-programa até que paguem pelo menos 75% do montante recebido. Para o nosso País isso significa até meados da década de 2030.

Nenhum político ganha eleições em Portugal sem mentir. É triste mas é a realidade contemporânea.


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