quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Mensagem do Natal 2013 de Passos Coelho


Embora tenha referido que a crise não está resolvida, o primeiro-ministro optou por puxar pela esperança dos portugueses neste Natal, acenando com o fim do programa de assistência financeira externa em Maio de 2014:



"Celebramos hoje o Natal com os nossos amigos e familiares e aproximamo-nos do final de 2013. Foi um ano muito exigente. Atacámos com firmeza as causas e os efeitos da crise, mas sabemos que foi um ano difícil, sobretudo para os desempregados e para os membros mais vulneráveis da nossa sociedade. Não nos esquecemos dos sacrifícios que têm sido feitos, nem das adversidades que tantos enfrentam. Em 2013, apesar das fortes restrições orçamentais, reforçámos o Programa de Emergência Social, aumentámos as pensões mínimas, sociais e rurais e intensificámos os programas de combate ao desemprego, precisamente porque todos os que mais têm sofrido nos últimos anos estão no centro das nossas preocupações.

A quadra natalícia, sendo uma festa de reunião familiar, deve ser também um momento especial de solidariedade e de comunhão. Deve ser ainda a ocasião para nos recordarmos dos que estão longe de nós: as comunidades da diáspora, os nossos emigrantes e os militares portugueses em missões de paz no estrangeiro. Este deve ser o momento em que valorizamos o que verdadeiramente conta.

Mas agora também sabemos que foi no ano que está a terminar que a nossa economia começou a dar a volta. Graças à coragem e engenho dos nossos trabalhadores e dos nossos empresários, as nossas exportações cresceram e ganhámos quota de mercado no exterior aos nossos competidores mundiais. Entrámos em mercados em que Portugal nunca tinha entrado antes e temos hoje excedentes comerciais e financeiros sobre o exterior, algo que Portugal não conhecia há muitas décadas. Começámos a vergar a dívida externa e pública que tanto tem assombrado a nossa vida colectiva. A economia começou a crescer e acima do ritmo da Europa. Ao mesmo tempo, o emprego começou a crescer e, em termos líquidos, até ao terceiro trimestre foram criados 120 mil novos postos de trabalho. Com a ajuda das políticas activas de emprego, o desemprego, que tinha atingido níveis inaceitáveis no decurso desta crise, tem vindo a descer mês após mês e, em particular, o desemprego jovem. Fizemos nestes anos progressos muito importantes na redução do défice orçamental e não fomos mais longe porque precisámos dos recursos para garantir os apoios sociais e a ajuda aos desempregados. A estratégia abrangente, que pusemos em prática para salvar o País do colapso, para reformar a economia e trazer prosperidade, está a mostrar os seus primeiros frutos.

O trabalho, a tenacidade e o empenho diário de milhões de portugueses, quer estejam dentro ou fora das fronteiras nacionais, são a melhor razão para termos uma esperança renovada no nosso futuro. São o fundamento do abandono do pessimismo que ensombra as nossas vidas há já muitos anos. Sabemos do que somos capazes e estamos a mostrar ao mundo inteiro, sobretudo aos que, nos momentos mais exigentes, menos confiaram em nós, que acreditamos em nós próprios. Temos hoje a confiança, o respeito e admiração dos nossos parceiros Europeus e dos nossos amigos por todo o mundo.

Estes sinais positivos ainda não são suficientes, contudo, para podermos dizer que vencemos esta crise. Ainda restam algumas incertezas e obstáculos. E todos fomos compreendendo que não há soluções fáceis, dada a complexidade dos problemas que herdámos. Mas isso apenas significa que temos muito para fazer neste ano de 2014 que está prestes a começar. 2014 será um ano cheio de desafios e aos quais cada um de nós responderá com a mesma responsabilidade e determinação que nos abriu o caminho até aqui.

Estamos a menos de cinco meses de terminar em Maio o Programa de Assistência. Será uma etapa decisiva da nossa recuperação. Precisaremos de todos os instrumentos que mobilizámos para concluir sem perturbações o Programa. E precisaremos de os usar bem, com inteligência e determinação. Porque o que parecia em tempos tão distante e difícil está agora ao nosso alcance, desde que não hesitemos, desde que percebamos todos o que está em causa.

Queremos fechar esta página da nossa história, para escrever uma outra mais apropriada à sociedade moderna, próspera e mais justa que estamos a construir. É para aí que teremos de dirigir todas as nossas energias: para combater a pobreza, reduzir mais rapidamente o desemprego, aumentar o investimento e reduzir as desigualdades sociais. Durante demasiado tempo toleraram-se em Portugal fortíssimas desigualdades, quase sem paralelo na Europa, e resignámo-nos à estagnação social.

O futuro que agora encaramos com redobrada confiança pertence a todos. Todos os Portugueses merecem as oportunidades geradas por uma economia mais democrática, por uma sociedade mais dinâmica, por um País mais aberto. No Portugal em que todos se revêem, ninguém pode estar condenado à frustração dos seus sonhos simplesmente porque vive naquela região mais remota, neste bairro mais periférico ou porque nasceu em condições sociais e familiares mais adversas. Na recuperação do nosso País, ninguém pode ficar para trás.

O Natal é a festa da esperança. Aproveitemos estes dias para recuperar as nossas forças e o sentido de propósito comum que nos define como povo. Como um povo orgulhoso, dono do seu próprio destino, que não receia o futuro e que sabe que, do alto de quase 900 anos de história, os seus melhores anos ainda estão para vir.

Desejo a todos um Bom Natal e um Feliz Ano Novo."


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