quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Entrevista de Passos Coelho à TSF e à TVI


Esta noite, na quinta entrevista do primeiro-ministro a um canal de televisão, Passos Coelho, abordou a hipótese de haver um programa cautelar de um ano, no final do programa de assistência financeira externa. A entrevista na íntegra:



2013-12-12 22:00:55

Sobre o programa cautelar:

"Estou em condições de dizer aos portugueses que ao longo dos últimos dois anos e meio conseguimos um resultado que dispensa um segundo programa [de resgate]. Podemos sair desse programa sem qualquer tipo de ajuda, ou com algum tipo de ajuda. As duas coisas são possíveis e não vou eliminar nenhuma delas hoje. Mas o que quero dizer é que, qualquer que seja a solução, deverá corresponder a uma avaliação rigorosa do que pode ser melhor para o interesse do País.

Um programa cautelar, se vier a ser adoptado, tem a duração de um ano, portanto cabe perfeitamente naquilo que é o mandato deste Governo e da maioria que o suporta, que vigorará até às próximas eleições legislativas, que ocorrerão, dentro das circunstâncias normais, que eu espero que se verifiquem, em Setembro de 2015. Ora, não há nenhuma razão para que um programa que cabe dentro da execução do mandato do Governo tenha de ter como exigência o apoio do principal partido da oposição.

É um cenário muito diferente de 2011, quando o programa negociado para três anos ia além do mandato do Governo [de José Sócrates].

É importante que possa existir sobre o futuro, sobre o médio e o longo prazo, um entendimento o mais alargado possível entre as principais forças políticas que têm vocação de Governo. Nessa medida, nós nunca deixaremos de procurar o envolvimento do PS, de modo a garantir que qualquer programa, se vier a ser realizado, resulte de um entendimento tão alargado quanto possível."


Sobre a dívida pública:

"[Mesmo depois de fechado o programa de ajustamento, Portugal terá] um longo caminho ainda para percorrer para reduzir a dívida pública.

Isso é um encargo que demorará 10 ou 15 anos a concretizar até atingirmos níveis que nos retirem de uma linha de maior volatilidade dos mercados. Esses anos vão ter de exigir crescimento da economia e entendimentos que nos permitam ter excedentes orçamentais.

Os próximos governos, ao longo de 15 ou 20 anos, poderão escolher as políticas que vão desenvolver, mas não podem deixar de manter a despesa dentro de níveis controlados.

É muito importante que isto possa ser um objectivo comungado com o PS, porque ajuda na confiança dos investidores em Portugal."


Sobre os erros admitidos por Christine Lagarde:

"É um bocadinho estranho, não é?. Não é só o português em média [que acha estranho]. Nós, no Governo, também estranhámos.
(...) a estrutura de topo do Fundo Monetário Internacional não é coerente com aquilo que o seu nível técnico dispõe quando faz negociações ao nível da troika.
(...) É uma inconsistência que torna mais difícil perceber a perspectiva do FMI nesta altura.

O aspecto que é importante, nesta altura, sublinhar é o seguinte: houve um erro, de facto, no programa que foi desenhado para Portugal. Não havia a perspectiva de que, quer o défice de 2010, quer a previsão de défice de 2011, se afastassem tanto das previsões feitas pelo Governo e por essas entidades internacionais.
(...)
[O PEC IV apontava para um défice inferior a 6% para 2010 que, na realidade, terminou próximo de 10%. Para 2011, a meta de 4,5% também era] totalmente irrealista."

"[A troika aceitou reajustar as metas em 2012 mas, nesse reajustamento], poderia ter havido mais realismo, quer para 2012, quer para 2013. É pena que o FMI não tivesse tido na altura, essa perspectiva que hoje é afirmada pela sua directora-geral."


Sobre uma coligação com o CDS nas próximas legislativas de 2015:

"Pode acontecer, não é uma decisão que esteja tomada. As eleições serão objecto de atenção partidária a seu tempo, mas não seria um facto que causasse estranheza. Seria natural que assim acontecesse. Mas não estou a dizer que isso vá acontecer. Não vejo necessidade de estar a criar problemas ao dr. Portas, assim como não vejo necessidade de o dr. Paulo Portas criar problemas ao PSD."


Sobre Rui Rio:

"É um activo importante para o PSD que tem qualidades suficientes para poder desenvolver vários projectos importantes. No que depende da minha escolha, Rui Rio não será desaproveitado, nem dentro nem fora do PSD.


Sobre as eleições europeias de 25 de Maio de 2014:

"É possível e até compreensível que o PSD e o CDS saiam penalizados da votação por causa das medidas de austeridade que tomaram. Espero que isso não aconteça, esforçar-me-ei por mostrar aos portugueses que temos feito tudo ao nosso alcance para que as perspectivas de futuro melhorem."


Sobre a contestação social nas ruas e sobre as críticas de Mário Soares e de antigos líderes PSD:

"Encaro com muita naturalidade, vivemos num país democrático. Percebo que os portugueses vivam estes anos com angústia, nós no Governo também temos vivido estes anos com muita ansiedade e muita angústia. Temos a noção clara dos sacrifícios das pessoas e do esforço tremendo do país, mas penso que as pessoas começam a ter a percepção de que a resposta é positiva."


Fotografias e um vídeo invulgar dos bastidores de uma entrevista no palácio de São Bento:

Passos Coelho em entrevista à TVI/TSF (Lusa)

Entrevista de Passos Coelho à TVI/TSF (Lusa)


13/12/2013 - 00:24



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