domingo, 3 de junho de 2012

MEC vai redistribuir as vagas do ensino superior - I


O Ministério da Educação e Ciência (MEC) tenciona reduzir, pelo menos, 20% nas vagas dos cursos de formação de educadores de infância e de professores do 1º e 2º ciclos, no próximo ano lectivo.

Segundo notícia do Público, o projecto de despacho que prevê este corte foi enviado há algum tempo para o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas e para o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, para que se pronunciem sobre este assunto até amanhã, segunda-feira.

O MEC solicita às instituições de ensino superior que façam uma “redistribuição interna” para aumentarem as vagas nos cursos das áreas de Ciências, Matemática, Informática e Engenharia.

A formação de educadores de infância e de professores dos 1º e 2º ciclos decorre nas Escolas Superiores de Educação (ESE) do ensino superior politécnico, sendo a limitação das vagas para estes cursos justificada no projecto de despacho com o “excesso de oferta”. O critério aí proposto é a pouca empregabilidade, ou seja, a existência de mais licenciados desses cursos inscritos nos centros de emprego do que a média.

Embora não seja referido, também se sabe que o Índice sintético de fecundidade (número médio de filhos por mulher) tem decrescido, caindo para 1,35 em 2011, valor demasiado baixo para manter o número actual de vagas nos cursos da área da educação, mesmo que o desemprego nesta área não estivesse já acima da média.




Para manter a população actual o Índice sintético de fecundidade (número médio de filhos por mulher) deveria ser 2. Este índice caiu para valores inferiores a 2 em 1983 e seguintes.


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Como é óbvio, Mário Nogueira, secretário-geral da Fenprof, critica uma medida que vai diminuir a sua clientela de professores desempregados, defendendo que o Governo tinha a obrigação de explicar este corte “sustentando-o com estudos”. Recebeu esta resposta muito pertinente:

Manuel Célio Conceição. 04.06.2012 00:20 Via Facebook
O senhor Nogueira quer estudos?
Aqui vai um. É de borla e acessível a todos [na Direcção-Geral da Administração Escolar]. Nas listas de educadores/professores que se candidatam às necessidades residuais há:

______________________________________
candidatos a educadores
candidatos a professores do 1º ciclo
candidatos a professores do 2º ciclo:
Português e Estudos Sociais-História
Português e Francês
Português e Inglês ­
Matemática e Ciências da Natureza ­
Educação Visual e Tecnológica ­
Educação Musical ­
Educação Física
______________________________________

__________
5 894
15 202

713
841
1 625
2 632
2 073
888
3 030
_________

Alguém acredita que vai ser possível contratar estas pessoas todas?
O senhor Nogueira precisa de mais evidências para perceber a medida do governo? Talvez não! Apenas precisa de nos lembrar que existe! Para quê?


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