segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

In Memoriam Demis Roussos




(15 de Junho de 1946 – 25 de Janeiro de 2015)


Nasceu em Alexandria, no Egipto, no seio de uma família de origem grega, bafejado por um dom — a voz de tenor, poderosa e com um timbre rico em harmónios que lhe permitiam ressoar no espaço, tornando-a inconfundível. Voz bem trabalhada no coro da Igreja Ortodoxa grega de Alexandria, onde foi solista durante cinco anos.

Em 1961, a crise do Canal do Suez levou a empresa de construção civil do pai à falência e a família regressou a Atenas. Demis participou em pequenas bandas e passou a viver entre clubes nocturnos onde conheceu o baterista Loukas Sideras. O encontro com o compositor Vangelis Papathanassiou, no Verão de 1966, foi o ponto de viragem para uma carreira de solista: os três criaram uma banda de rock influenciada pela música clássica.


Rain and Tears, 1968


No final de Março de 1968, Demis partiu com Loukas para Londres mas ficaram retidos em Dover por ausência de visto de trabalho e tiveram de regressar a Paris onde viveram a greve geral de Maio de 1968. Mesmo assim conseguiram gravar a canção Rain and Tears, composta por Vangelis e cantada pela voz operática de Demis Roussos, que se tornou um sucesso europeu da banda, entretanto rebaptizada Aphrodite's Child. Seguiram-se os álbuns End of the World (1968), It's Five O'Clock (1969) e muitos concertos.
No entanto, Vangelis pretendia mais tempo de gravação e uma maior aproximação à música clássica, um sonho concretizado em 666, um álbum baseado em textos do Apocalipse de São João que, ao fim de três meses de cara gravação provocou o pânico na editora e levou à ruptura do grupo em 1971.

Um ano depois Vangelis conseguiu terminar sozinho o álbum, considerado uma obra-prima clássica, enquanto Demis, apoiado pela editora Phonogram, já havia iniciado uma carreira a solo que se tornou fulgurante ao longo da década de 1970.


Forever and Ever, 1973


Inspirando-se em temas populares, sucederam-se os êxitos We shall dance (1971) e Fire and Ice (1971). O ano 1972 foi preenchido com concertos em Espanha, Itália, Países Baixos, Grécia e Alemanha e uma actuação no Olympia, em Paris, onde cantou Velvet Mornings para 30 mil espectadores.
No ano seguinte foi a vez da primeira digressão pela América do Sul e da saída do álbum Forever and ever, com canções que se tornaram grandes sucessos como Forever and ever, My friend the wind, Lovely sunny days, My reason, When I was a kid, Goodbye my love, goodbye.
Sucedem-se as digressões internacionais e os álbuns My only fascination (1974), Souvenirs (1975), Happy to be (1976), The Roussos Phenomenon (1976), Ainsi soit-il (1977), demis Roussos (1978), Man of the world (1980), este último com sanções famosas como Lost in love e I need you.


Auf Wiederseh'n, 1973

My Friend The Wind, 1973


Em 1981, retoma a colaboração com Vangelis no single Race to the end, uma adaptação vocal do tema musical do filme Chariots of fire, e na banda sonora do filme icónico Blade Runner (1982), com a canção Tales of the Future (1982).

A sua voz de tenor, as suas canções e as túnicas coloridas que usava em palco marcaram a década de 1970 e o imaginário da minha geração.


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