quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

As tramóias do socratismo na comunicação social


Um artigo de opinião que foca um triângulo perigoso: um primeiro-ministro socialista — José Sócrates — que incentiva o seu advogado — Daniel Proença de Carvalho — a comprar um grupo de comunicação social (dono do DN, do JN e da TSF) de que se torna presidente do conselho de administração e nomeia um amigo — Afonso Camões — para o cargo de presidente do conselho de administração da agência de notícias Lusa e, via Proença, para o cargo de director do JN.

A comunicação social permite controlar a mente do povo: daí o controlo da comunicação social ser um objectivo das ideologias extremistas, tanto de direita como de esquerda, mas nunca de um partido democrático de centro-esquerda como pretende ser o PS. A ler atentamente:


"Proença tem de se explicar
JOÃO MIGUEL TAVARES 20/01/2015 - 01:24

José Sócrates processou 14 jornalistas (repito: 14) do Correio da Manhã, tendo como advogado o mesmo Proença de Carvalho que actualmente manda no DN, no JN e na TSF.

Se eu ainda sei ler português, diria que o director do Jornal de Notícias, Afonso Camões, admitiu ontem em editorial que em Maio de 2014 avisou José Sócrates de que estava a ser investigado pela justiça. As palavras de Camões são estas: “Dizem que o avisei que ia ser detido. E que terá sido em Maio, quando eu integrava a comitiva do presidente da República à China e a Macau. Ora, se o avisei, e se foi em Maio, eu era administrador e presidente da Agência Lusa. Logo, não estava jornalista, muito menos director do nosso Jornal de Notícias. E, pelos vistos, nem sequer havia processo. É verdade: disse-me um jornalista do grupo empresarial da Coisa [o Correio da Manhã] que a prisão de Sócrates estava iminente.”

Se eu ainda sei ler português, o resultado de Afonso Camões afirmar que soube em Maio da investigação, de não desmentir que avisou Sócrates, e de denunciar que foi alvo de escutas, só pode ser este: Afonso Camões está a admitir que alertou José Sócrates e a supor que isso ficou registado na investigação. E esta admissão, quer ele queira, quer não, é muito mais relevante do que as suas queixas (justas, sem dúvida) a propósito de uma nova violação do segredo de justiça. Mais: esta admissão, quer ele queira, quer não, acaba por credibilizar a história que o seu odiado Correio da Manhã publicou na sexta-feira e no sábado, e que o jornal i entretanto já garantiu ter confirmado junto das suas próprias fontes. Uma história tão grave que convinha não ser alegremente ignorada pelo resto da comunicação social, como foi durante tanto tempo ignorada a história de Paris e da Octapharma. Uma história que, mais uma vez, tem Daniel Proença de Carvalho como protagonista.

Porque o problema vai muito além de Afonso Camões, que no citado editorial afirmou ter “mais de 40 anos” de amizade com José Sócrates. Eu diria que tão longa amizade o deveria ter desaconselhado de aceitar, em Março de 2009, o cargo de presidente do Conselho de Administração da Agência Lusa — mas isso se calhar sou eu que sou muito puritano. Só que entre o meu excesso de puritanismo e a absoluta mixórdia de interesses há-de existir um ponto de equilíbrio. E é nesse exacto ponto que Proença de Carvalho começa a perder o pé, e que começa a dever-nos uma boa explicação.

O Correio da Manhã afirma que Sócrates incentivou — havendo escutas que o confirmam — Proença de Carvalho a negociar a compra da Controlinveste, da qual o advogado acabaria por se tornar presidente do conselho de administração. Além disso, via Proença, Sócrates teria tido algum papel na escolha de Afonso Camões para dirigir o JN e na tentativa de pressionar a ERC, via Carlos Magno, para deliberar contra o Correio da Manhã devido às notícias de Paris e da Octapharma, como efectivamente veio a acontecer em Fevereiro de 2014.

Proença declarou ao i que, “por dever deontológico”, não pode falar das “entidades” que patrocina ou patrocinou “enquanto advogado”. Só que o problema já não está nos patrocinados, mas no patrocinador. Na sequência das referidas notícias, José Sócrates processou 14 jornalistas (repito: 14) do Correio da Manhã, tendo como advogado o mesmo Proença de Carvalho que actualmente manda no DN, no JN e na TSF. O mesmo Proença de Carvalho que desta vez não aceitou representar Sócrates, apesar de ter sido para o seu escritório que o motorista ligou ao ser preso. O mundo de Sócrates está a desmoronar-se — e é demasiado tarde para Proença simplesmente virar costas enquanto assobia para o lado."


Entre os comentários do fórum do Público, considero serem motivo de reflexão estes:

Luis Marques
IT Consultant, Manchester 20/01/2015 09:36
Proença de Carvalho é um homem e peras! Consegue ter tempo para ser administrador do JN, DN, TSF e ainda o moço de recados da Câmargo e Correia na Cimpor. Os dias dele devem ter umas 32 horas...

OldVic
20/01/2015 09:38
Quando tudo isto se esclarecer vamos precisar de uma enciclopédia para relatar os meandros destas questões. Talvez se possa usá-la no futuro como exemplo dos perigos de uma sociedade civil distraída e complacente.

Pedro M Areias
Mecânico de Motociclos 20/01/2015 14:52
João Miguel Tavares: Não leve a mal, mas já reparou no sítio em que está? O "polvo" Italiano é uma brincadeira de crianças comparado com Portugal das 'famílias'. Quando der por ela nem no Mac-Donalds arranja emprego. E atenção: sim, aconteceu comigo.

Albino Brás
20/01/2015 15:51
O ódio visceral de JMT tolda-lhe o raciocínio e pretende fazer o mesmo com o dos leitores. Mistura tudo. Se há escutas de Sócrates a convencer alguém, primeiro é preciso que existam, que sejam públicas e que digam exatamente o que o articulista pretende, e alguém que escreve, como JMT, tem sempre que ter cuidado com o que escreve.
Porque é que Proença tem que dar explicações do que fez como advogado ou como empresário? Porque JMT assim o entende? Tenha juízo. Parece que com a raiva que escreve o que está a desmoronar é o seu mundo. Tenha cuidado que, tal como nos desenhos animados, ainda lhe cai algum pedaço do céu na cabeça.
  • gomesdacosta
    20/01/2015 16:10
    Ao ler as suas ameaças veladas lembrei-me irresistivelmente daquela boutade: "quem se mete com o PS, leva". Essa mentalidade do "tenha cuidadinho com o que diz" é uma velha mania herdada directamente do Estado Novo para algum PSD e o PS em geral. Nem o Asterix vos vale...
  • Cassiano Pacheco da Cunha
    20/01/2015 18:33
    Este deve ser o mauzão cá do burgo... Que medo!

Luisa Marques
21/01/2015 06:22
JMT pode saber ler português mas só lê o que lhe convém! Se queria ser imparcial tinha citado também a parte em que Afonso Camões diz 'preto no branco' que quem o informou (sobre a prisão iminente de Sócrates) lhe disse também de onde tinha vindo a notícia...
Excerto do editorial de Afonso Camões sobre o ter (ou não) avisado Sócrates:
"É verdade: disse-me um jornalista do grupo empresarial da Coisa que a prisão de Sócrates estava iminente. Esse mensageiro cometeu um erro: quando se tem uma informação relevante, o primeiro dever de cidadão de um jornalista livre, pesados os seus direitos e responsabilidades, é para com os seus leitores. Ele deveria ter publicado a informação, que lhe veio, disse-me depois, por um seu camarada, diretamente da investigação, liderada pelo juiz Carlos Alexandre e pelo procurador Rosário Teixeira. Erro maior, criminoso, é ser verdade essa possibilidade: que a fuga de informação veio dos agentes da justiça, ou seja, de onde menos podemos admitir que se cometam crimes de violação do segredo de justiça."
Então isso não é grave? Violar o segredo de justiça não é grave JMT?
  • OldVic
    21/01/2015 07:52
    Está a dar como certa uma afirmação de uma parte interessada. Será prudente?


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