segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Candidatos a licenciaturas em Educação terão de fazer exames de Português e Matemática


O ministro da Educação e Ciência considera inaceitável que os professores dos 1º e 2º ciclos do ensino básico não tenham boas bases em Português e Matemática.



28/10/2013 - 23:52


É possível, neste momento, um professor do 2º ciclo fazer todo o seu percurso tendo reprovado a Matemática no 9.º ano de escolaridade, tendo passado o secundário sem ter Matemática. E depois ir para uma licenciatura em Educação e ir ensinar Português e Matemática aos alunos do 2.º ciclo”, revelou Nuno Crato hoje, durante as jornadas parlamentares do PSD e do CDS-PP, concluindo que esta situação “não se pode manter”.

Vamos tornar obrigatória, para o acesso à licenciatura em Educação Básica, a realização de provas de ingresso nas áreas de Português e de Matemática. Queremos que os futuros professores, ao entrarem para um curso superior, mostrem que sabem de Português e de Matemática”.

Se queremos bons alunos, precisamos de bons professores”, justificou Nuno Crato, lembrando que a introdução da prova de conhecimentos para entrada na carreira docente também tem este objectivo de “reforçar a formação intensiva dos professores”.

O decreto será discutido com os parceiros sociais, incluindo sindicatos e instituições do ensino superior que conferem as licenciaturas.

Nuno Crato fez questão de salientar que antes deste Governo “o Inglês não era obrigatório em nenhum ano de escolaridade, tratando-se antes de uma actividade facultativa com qualidade e frequência muito variável”. Actualmente, embora ainda não seja obrigatório no 1º ciclo, o Inglês passou a ser disciplina obrigatória “ao longo de cinco anos consecutivos” e este ano foi introduzida uma prova feita pela Universidade de Cambridge “que lhe permite comparar com o que internacionalmente de melhor se faz no mundo”.

Sobre a sua gestão, o ministro destacou a melhor distribuição de recursos: a diminuição significativa dos professores do quadro com horário zero e a redução das transferências para o ensino particular e cooperativo — 307 milhões de euros em 2010; 188 milhões este ano; 182,6 milhões em 2014.
Recordou que o Ministério da Educação e Ciência tem mais de metade dos funcionários da administração central. Por isso, se o Tribunal Constitucional permitir a redução salarial na função pública prevista no orçamento do Estado para 2014, o seu ministério terá uma enorme redução nas despesas.
No entanto, pensa atribuir bolsas suplementares aos estudantes que abandonaram o ensino superior por razões financeiras; e na área da ciência, propõe novamente incentivos fiscais à contratação de doutorados pelas empresas.

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Nuno Crato vai ficar na história como o melhor ministro da Educação e Ciência dos últimos 40 anos, o único que implementou uma política de melhoria da qualidade do ensino. E esta medida aponta nesse sentido pois os professores dos 1º e 2º ciclos formam-se nas Escolas Superiores de Educação (ESE) e têm, em geral, reduzidos conhecimentos de Português e de Matemática.

Mas Nuno Crato não vai cumprir a sua promessa de fazer implodir o ministério da Educação:
O ministério da Educação é uma máquina gigantesca que, em muitos aspectos, se sente dona da educação em Portugal. Eu quero acabar com isso.

O número de docentes nas escolas diminuiu significativamente, e ainda podia diminuir mais se não fossem admitidos horários zero entre os docentes do quadro. Mas, graças também à Constituição da República, o número de técnicos e técnicos superiores só diminuiu por efeito das aposentações e dentro de alguns anos o Ministério da Educação e Ciência arrisca-se a ter quase tantos funcionários não-docentes como docentes, o que é um absurdo.
Esta situação é grave. Não só porque, pela sua natureza, este ministério devia ter um número residual de funcionários administrativos face ao número de docentes, mas também porque o último escalão da carreira técnica superior têm maior remuneração que o 9º escalão da carreira docente, além de fazerem uma resistência subtil à actual política educativa por professarem (tal como muitos docentes) a ideologia socialista da mediocridade.

Pensamos que um caminho seria criar um limite superior de 2% para a carreira administrativa dentro do emprego no Ministério da Educação e Ciência e fazer uma inversão salarial a favor dos docentes aquando da alteração das tabelas remuneratórias da função pública.
Mesmo sabendo que o partido socialista vai remover este limite logo que ganhe eleições legislativas, uma medida deste tipo permitiria ir abrindo os olhos aos docentes qualificados que ainda existem nas escolas públicas.







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