sábado, 15 de junho de 2013

A greve dos docentes do ensino não superior II




PÚBLICO

O calendário de exames foi organizado de modo que os exames de Português e Matemática do 12º ano ocorressem em semanas diferentes. Portanto é impensável mudar o exame de Português, que vai ser feito em 17 de Junho por 75 000 alunos, para a semana seguinte. Além de que também vai decorrer nesse dia o exame de Latim do 11º ano.
Falam os sindicatos, o PCP e o BE, com Seguro discretamente em painel de fundo, em mudar o exame para quinta-feira dia 20 de Junho. Esquecem que nesse dia está marcado o exame de Filosofia do 11º ano, o que vai prejudicar, e gerar protestos, dos alunos que pretendem repetir este exame porque vão ser obrigados a fazer dois exames no mesmo dia.

O ministro Nuno Crato diz que adiar o exame seria abrir um grave precedente e não é retórica. No dia 27 de Junho há uma greve geral o que, na prática, significa uma greve da função pública e do sector empresarial do Estado, e os delegados sindicais já apelaram nas escolas para que os professores adiram a essa greve geral.
Como nesse dia se realizam os exames de Matemática do 2º ciclo, e também do 3º ciclo, essa greve iria afectar nada mais, nada menos, que cerca de 200 000 alunos. Mais dois exames que teriam de ser adiados, com a confusão a instalar-se nas escolas e alunos e pais a ficarem à beira de um ataque de nervos.


15.06.2013 13:29


O problema começou quando vários docentes do grupo de recrutamento de Educação Visual e Tecnológica ficaram com horários ‘zero’ no actual ano lectivo, ou seja, sem qualquer turma, arriscando-se a ir para a mobilidade especial.
Também há alguns professores de Educação Física ressabiados porque a disciplina deixou de contar para a média dos alunos que pretendem entrar no ensino superior, mas não querem seguir Educação Física.

Só um ingénuo é que não enxerga o dedo do partido comunista na marcação cirúrgica destas greves para provocar prejuízos irreparáveis a todos os alunos do 6º, 9º, 11º e 12º anos e acicatar os protestos dos pais contra o Governo.
Aproveitando o empobrecimento das famílias derivado das medidas de austeridade e o consequente descontentamento popular, pretende-se aumentar a instabilidade para agravar as taxas de juro dos empréstimos a que é preciso recorrer para financiar a despesa pública o que vai gerar mais austeridade e, num processo recorrente, criar o caos indispensável para provocar a demissão do Governo. Seguir-se-ia um governo socialista minoritário, obviamente de vida curta.
Quanto mais instabilidade, mais pobreza. Surgiriam convulsões sociais e, alcançada a situação de ingovernabilidade do País, a esquerda radical conquistaria pela luta aquilo que nunca conseguirá pelo voto: chegar ao poder.

Entretanto o Júri Nacional de Exames (JNE), um organismo dependente do Ministério da Educação e Ciência, enviou na passada quarta-feira uma mensagem escrita aos directores das escolas com a orientação de que deviam convocar para o serviço de vigilância aos exames da próxima segunda-feira 17 de Junho, todos os docentes de todos os níveis de ensino pertencentes aos respectivos agrupamentos.
Ordem que foi imediatamente cumprida pelos directores das escolas com a convocatória de todos os docentes para uma reunião que decorreu após 48 horas — o prazo mínimo estipulado no Código do Procedimento Administrativo —, portanto ontem à tarde, onde foram transmitidas as instruções a cumprir no serviço de exames que se inicia na segunda-feira, pelas 9:30, com a prova de Português do 12º ano.
Portanto, ao contrário do que se tem passado até agora em que um único professor em greve podia inviabilizar a reunião do Conselho de Turma de avaliação dos alunos, ou todos os professores se dispõem a fazer greve em 17 de Junho, com a consequente perda de um dia de salário, ou têm de cumprir o serviço de exames.

Os directores também receberam instruções para substituírem os docentes, tanto os elementos credenciados para receber os sacos dos enunciados das mãos da GNR ou PSP, como os elementos do secretariado de exames que recebem as provas e as distribuem pelas salas e no final as recebem e guardam em local seguro. “Em caso de necessidade” os directores podem ainda vigiar os exames.

O JNE esclareceu ainda que os exames poderão ser efectuados mesmo que não haja professores coadjuvantes na escola — um ou dois professores da disciplina em avaliação que estão isolados a resolver o exame e a detectar possíveis erros.

Nestas condições, é muito provável que, no dia 17 de Junho, quase todos os alunos possam fazer os exames de Português do 12º ano e de Latim do 11º ano.


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