domingo, 14 de abril de 2013

Uma visão humana da Coreia do Norte



28/03/2013 Escolher legenda em português.


Este documentário de pouco mais de cinquenta minutos não esconde a propaganda, o belicismo e a censura do regime norte-coreano, nem as dificuldades e frustrações por que passou o realizador do filme, mas procura lançar uma ponte entre as democracias ocidentais e a ditadura comunista da Coreia do Norte.

Damos a palavra a Chrystian Cohen, o cineasta:

A Coreia do Norte está algures entre uma União Soviética congelada no tempo, em 1930, e uma visão futurista e negra da sociedade... como se imaginava na década de 70.

"Terra dos sussurros" convida-o a visitar o destino de viagem, indiscutivelmente, mais exclusivo e isolado do mundo — não para criticar, mas para observar e escutar. Além dos destaques habituais, tais como Pyongyang ou Arirang, este documentário privilegiado e individual mostra zonas como Chongjin ou Wonson, ainda praticamente desconhecidos até mesmo para o google ou a wikipedia. Aí, tentei perfurar a omnipresente 'mitologia nacional" e, tanto quanto possível, conectar com as pessoas — como a empregada de mesa hipnotizada por um computador portátil de ecrã táctil, ou um guia turístico cautelosamente fascinado pela cultura pop moderna.

Compare-se a atitude deste cineasta com a de um jornalista da BBC que visitou a Coreia do Norte à socapa numa viagem organizada por estudantes da prestigiada London School of Economics que sabiam e não sabiam — só a hipocrisia consegue violar o princípio da não contradição — que ele não era aluno de doutoramento.

No final, perguntamos: Por que razão as crianças, os jovens e os operários norte-coreanos têm de trabalhar tanto e usufruir de tão pouco?
Por que razão os operários chineses da Foxconn Technology, um dos maiores fabricantes mundiais de electrónica, e um importante fornecedor dos ipads, iphones e computadores da Apple, trabalham 40 horas por semana e recebem apenas 2500 yuan renminbi mensais, ou seja, 308 euros mensais?

Enquanto os alunos portugueses dispõem de toda a parafernália electrónica — telemóveis, consolas de jogos, smartphones, tablets, calculadoras, computadores — que o País não sabe projectar, nem produz, tem de importar gastando divisas, e são, em geral, pouco estudiosos, muito conversadores e passam as aulas a brincar e a criticar, não respeitando as instruções dos professores.
E, pasme-se: alguns pais ainda pensam que os filhos deviam ter direito a mais tempo para se divertirem, melhores classificações e passagem automática de ciclo sem serem submetidos a exames nacionais porque ficam traumatizados.

Se os norte-coreanos sem disporem de tecnologia são capazes de produzir os jogos Arirang, onde simulam ecrãs gigantescos pondo vinte mil pessoas a movimentar em síncrono placas coloridas, como é dito no documentário, imagine-se o que fariam se pudessem dispor de tecnologia electrónica e computacional avançada.





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