quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A greve geral - II


A mão que embala o berço é mais um artigo de opinião sobre a greve geral a convocar para um saudável debate. Arquivam-se as diferentes perspectivas:


Jrcoelho 24 Novembro 2010
Incongruências
Concordo em parte com a sua opinião, mas não com a desistência.
Vejamos:
Quando faço um seguro de vida, pago periodicamente para que, numa infelicidade, a seguradora me disponibilize uma verba pré-contratada. Portugal também deveria cobrar a cada banco uma verba proporcional ao total de depósitos a prazo do mesmo para que, em caso de infelicidade, não sejam outra vez os contribuintes a pagar o que deveria ter sido pago pelos bancos.
Quanto esforço e privações se poderiam poupar com esta simples medida? E com outras de igual justeza?
Não existe execução das garantias prestadas pelo financiamento extraordinário aos bancos? Estão-lhes a ser imputados os custos deste financiamento?


Jtpacheco 24 Novembro 2010
Excelente editorial
Resta dizer que esta nossa impotência não resulta de nenhum poder malévolo e desproporcionado dos mercados: pusemo-nos a jeito. Somos devedores compulsivos, crédito-dependentes e agora queixamo-nos quando o nosso dealer diz que não nos vende fiado.
Os mercados não são uma entidade abstracta e demoníaca. São sobretudo os gestores de poupanças a decidir a quem emprestam os fundos que lhes estão confiados. Se aplicarmos as nossas economias num PPR, por exemplo, não queremos ter a certeza que os gestores desse fundo vão rentabilizá-lo emprestando a quem têm a certeza que o reembolsa e em condições proporcionais aos riscos que correm?


JCG24 Novembro2010
PSG é um jovem
Que, se já os tiver, não terá muito mais que uns 30 anitos. Pergunto-me como é que um indivíduo com essa idade é director de um jornal com a relevância que tem o que dirige. É claro que o rapaz não parece burro, mas é óbvio que não teve tempo para provar o pão que o diabo amassou. Para ter experiência, é preciso ter experimentado. E PSG, que julgo reivindicar-se como jornalista, tornou-se num opinador. E opina sobre tudo e mais alguma coisa, mas sempre com prosápia. A prosápia dos ignorantes, que pensam que sabem do que falam e, se não forem burros, só com o tempo tomarão consciência de que estavam enganados.

É claro que PSG tem um encosto ideológico: o neoliberalismo e o seu papa — os mercados. Ora era desejável que PSG, em vez de se especializar em palpites avulso, fosse mais jornalista, na acepção clássica do termo, ou seja, dar notícias, pesquisar fundamentos, mostrar os diversos ângulos de visão dos problemas.

Eu fiz greve e não foi pela simpatia e credibilidade que me merecem os dirigentes sindicais e, muito menos, por não querer trabalhar, como alguns alarves defecam, pois já trabalho há anos suficientes para serem mais anos que muitos desses alarves terão de vida.
Fazer greve é o meu pequeno contributo, é, para já, a parte que me cabe, é dizer que estou disponível para ajudar o povo, em geral, a também ter organização e, tendo-a, ter algum poder para contrabalançar e refrear o poder daqueles que acham que são donos do país e de tudo o que nele existe e que destilam, alarvemente, uma visão neo-feudal da sociedade, em que eles serão os nobres e os restantes habitantes os servos da gleba que, quem estudou alguma coisa sobre esse tempos sabe, estavam abaixo dos javalis e dos veados no conceito desses senhores.

Quando Belmiro de Azevedo, o filho do carpinteiro de Marco de Canavezes, desabafa que não vale a pena investir recursos no país e os transfere para o exterior, faz falta que algum jornalista lhe lembre como, com que trabalho e com que consumidores, é que BA se tornou num dos mais ricos entre os portugueses.
Mas compreendo que os jornalistas queiram conservar o seu empregozito.


Pjota 24 Novembro 2010
Discurso positivo precisa-se
Recorrer ao FMI nesta fase até seria uma medida de racionalidade económica. Para quê pedir emprestado a 7% se podemos ter a 5%?
Por outro lado o FMI não vem cá fazer nada que não estejamos já a fazer.
O país é o mesmo de há um ano ou dois, quando os défices eram bem menores. Entretanto não houve nenhuma hecatombe, o que há é especulação dos mercados que, depois das commodities e da bolha imobiliária, se viraram para a dívida soberana dos países.
Enquanto a UE for só monetária e nada económica, enquanto não houver determinação política a nível europeu para travar politicamente este processo, não temos dimensão nem peso internacional para fazermos grande coisa.
No entanto, há muita coisa que podemos fazer cá dentro. Em primeiro lugar devemos evitar o pessimismo e a desistência, que nunca foram bons conselheiros e, por outro lado, devemos pôr os olhos nas pequenas e médias empresas que, apesar do contexto e das dificuldades continuam a lutar todos os dias para produzir, para manter os empregos e, sempre que possível, para exportar.
Perante esta tenacidade não temos o direito de desistir. Devemos apoiar no que estiver ao nosso alcance, devemos encontrar uma atitude positiva que coloque a crise no seu devido contexto, sem ficarmos derrotados à partida. Há alguma coisa que possamos fazer? Então mãos à obra porque, se há 500 anos tivéssemos dado ouvidos aos Velhos do Restelo, nunca teríamos saído da barra do Tejo.


leonel47 24 Novembro 2010
Sem políticos profissionais
O mal é haver políticos profissionais, ou seja, gente que não produz nada e vive à nossa conta.
Os partidos deviam acabar porque actualmente não há ideologias, direita e esquerda estão a juntar-se ao centro. Ora agora és tu e depois sou eu.
Os partidos estão obsoletos, são coisa do passado porque não se renovam nem se adaptam às necessidades do povo. O que é a obediência partidária, senão uma forma de pequenas ditaduras que dominam os seus adeptos e dá lugar à aparição dos iluminados, uma classe dentro do próprio partido que determina quem entra, ou não, nesse restrito grupo?

O número de deputados devia ser reduzido, as benesses dos políticos acabarem e 2 ou 3 reformas milionárias desaparecerem. Os ladrões de milhões deviam ver confiscados todos os bens, até aqueles que foram postos em nome de terceiros, deviam pagar os prejuízos, serem presos com penas exemplares. Todos os que têm o registo criminal sujo não deviam concorrer a lugares públicos. Como se podem eleger corruptos?

As eleições deviam ser nominais, para nós vermos a cara de quem realmente nos representa e chamá-los à responsabilidade. Em que leis votam e como.
É por isso que vou votar em Fernando Nobre, porque é o único independente que já deu provas de ajuda ao próximo, que criou um organismo para dar assistência aos desgraçados que não têm nada e só por isso merece o meu voto e da minha família e somos, pelo menos, seis.
Fala-se tanto da baixa produção. Já se esqueceram de quem pagou para abater barcos de pesca e quase acabou com o sector, pagou aos agricultores para não produzirem, quantos desempregados é que isso provocou? Porque é que ninguém fala nisso, memória curta dos comentadores?
Muito fica para dizer, mas talvez noutra ocasião.
Fica o lema: acabem com os partidos políticos e com os políticos profissionais.


carlos.gaspar 24 Novembro 2010
O PSG está doente
O PSG tem acordado com suores nocturnos e medo de uma nova ordem de poderes instituídos em Portugal e na Europa. Eu cá espero somente mais do mesmo… venha quem vier.:D
Chamar a isto uma greve é uma pobre desculpa para a má organização e ignorância do conceito de greve.

Uma greve é uma forma de protesto em que o trabalhador diz, ao patrão ou estado que controla parcial ou totalmente os seus rendimentos, que está farto da exploração e decide parar de trabalhar até que sejam mudadas as condições.
Por isso, tal como aconteceu em França, as greves deveriam ser de tempo indeterminado e não de um dia como estes sindicatos pobres de espírito e enganadores dos seus associados determinaram.
A greve só termina quando uma das duas partes envolvidas, patrões/governo e trabalhadores, quebre e ceda a exigências ou se sente desmotivado e volte a trabalhar apesar da perda de regalias.

Se esta greve durasse quinze dias ouviríamos a Ministra do Trabalho, Helena André, com um discurso diferente ao de hoje, onde impera a calma, a inflexibilidade e a certeza de que amanhã tudo voltará ao normal.

Quanto aos mercados não dormirem, é verdade, pois quem anda a dormir é o PSG e todos nós. Nunca teve a curiosidade de se perguntar o porquê de no mundo só existirem 4 países que não têm dívidas e não serem esses os credores da dívida do mundo? Estamos a dar ouvidos demais aos bancos centrais e ao banco mundial, não acha? Faça contas…
Tome lá um comprimido para a insónia:





jomaneca 24 Novembro 2010 - 17:03
Não concordo, Sr. Director
Eu sou um dos que não fez greve e sente vergonha por isso. No entanto, não concordo minimamente com o seu parecer.
Já tenho gostado das suas opiniões, mas a verdade é que, quando as coisas aquecem, a sua condição social vem ao de cima.
Então o Dr. não acha que é uma das poucas maneiras, de que dispõe esta gente que fez greve, de mostrar a sua indignação? O Sr. não é leigo e sabe muito bem, embora não diga, o que está por detrás desta grande crise.


republicano 24 Novembro 2010 - 19:55
Uma vazia
As pessoas que participaram na greve deviam sentir vergonha. Querem destruir Portugal.
Dar uma facada à nação num momento em que mal nos aguentamos de pé? Enquanto outros se matam para produzir, para vos pagar os salários, vocês só querem mama?
Vão protestar porquê? Não percebem que o país está falido?


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