segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Tolerância à morte provocada - III


Neste P24 do jornal Público, dois médicos debatem a eutanásia:

  • Bruno Maia, médico especialista em Neurologia e Medicina Intensiva e coordenador hospitalar de Doação no Centro Hospitalar de Lisboa Central, e
  • José Diogo Martins, vice-presidente da Associação dos Médicos Católicos Portugueses, assistente hospitalar graduado de Cardiologia Pediátrica, mestre em Educação Médica pela Universidade Católica Portuguesa e doutor em Medicina pela NOVA Medical School.




Quem é Miguel Ricou, o autor do estudo em que o médico Bruno Maia se apoia para afirmar que a maioria dos médicos portugueses apoiam a legalização da eutanásia? Eis o seu currículo:
Miguel Ricou nasceu no Porto no dia 03 de outubro de 1972. É Doutorado pela Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra na área de Psicologia Clínica. É Mestre em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e Licenciado em Psicologia Clínica pelo Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte. Desde que se licenciou em 1997 que tem desenvolvido investigação na área da ética e da bioética, com especial ênfase na ética profissional, tendo dedicado grande parte do seu tempo ao estudo dos Princípios Éticos dos Psicólogos Portugueses. É membro da Associação Portuguesa de Bioética, da qual é vogal da Assembleia Geral desde 2002. Foi o primeiro Presidente do Conselho Jurisdicional da Ordem dos Psicólogos Portugueses. Fez parte da Comissão responsável pela elaboração do Código Deontológico dos Psicólogos Portugueses. É o representante Português no Board of Ethics da EFPA (European Federation of Psychologists’ Associations).

Para além da sua atividade clínica, é Professor Auxiliar na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, integrando o Departamento de Ciências Sociais e da Saúde. É ainda docente no Doutorado em Bioética FMUP/CFM e no Mestrado em Bioética e no Mestrado em Cuidados Paliativos da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. É também responsável pela Unidade Curricular de “Psicopatologia” da Licenciatura em Psicologia da Universidade Portucalense Infante D. Henrique.

Vamos interpretá-lo:

Nome: Miguel Ricou
Data de nascimento: dia 03 de outubro de 1972

Licenciatura: Psicologia Clínica
Instituição de ensino: Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte
O Instituto Universitário de Ciências da Saúde (IUCS) é uma instituição de Ensino Superior Privado Português que ministra cursos superiores na área da Saúde e teve reconhecimento de interesse público no D.R. nº 76, 1ª Série de 20 de abril de 2015.

O Instituto Universitário de Ciências da Saúde resulta da alteração de interesse público do Instituto Superior de Ciências da Saúde-Norte homologado por despacho do Ministério da Educação publicado no D.R. nº 181, I Série (Decreto-Lei nº 250/89 de 8 de Agosto de 1989), tendo-lhe sido atribuída esta designação pela Portaria 906/93 de 20 de Setembro de 1993 (D.R. nº 221, I Série B).

O IUCS é tutelado pela CESPU - Cooperativa de Ensino Superior, Politécnico e Universitário, crl.
Mestrado: Bioética
Instituição de ensino: Faculdade de Medicina da Universidade do Porto

Doutoramento: Psicologia Clínica
Instituição de ensino: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Actividades profissionais:
  1. Psicólogo clínico
  2. Docência: professor auxiliar do Departamento de Ciências Sociais e da Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) nos
    • Mestrado em Bioética da FMUP
    • Mestrado em Cuidados Paliativos da FMUP
    • Doutorado em Bioética da FMUP/CFM (Conselho Federal de Medicina), Brasília, Brasil
  3. Docência: professor da Universidade Portucalense na
    • Unidade Curricular de “Psicopatologia” da Licenciatura em Psicologia

Repare-se na diferença abissal entre as condições exigidas na candidatura ao IUCS e as exigidas na FMUP:

Psicologia
Instituto Universitário de Ciências da Saúde

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Provas de Ingresso
Uma das seguintes provas:
02 Biologia e Geologia
06 Filosofia
07 Física e Química
18 Português

Classificações Mínimas
Nota de candidatura: 95 pontos
Provas de ingresso: 95 pontos

Fórmula de Cálculo
Média do secundário: 65%
Provas de ingresso: 35%
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Medicina
Universidade do Porto

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Provas de Ingresso

02 Biologia e Geologia

07 Física e Química
16 Matemática

Classificações Mínimas
Nota de candidatura: 140 pontos
Provas de ingresso: 140 pontos

Fórmula de Cálculo
Média do secundário: 50%
Provas de ingresso: 50%
______________________________


Pergunto:
Miguel Ricou é um psicólogo? Sim.
É um médico? Não.

Portanto um psicólogo com 47 anos, fundador e coordenador da plataforma "Wish to Die", sem qualquer possibilidade de se candidatar ao curso de Medicina e sem qualquer formação em Medicina, graças a uma incursão na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto para tirar um mestrado em Bioética, converte-se no professor, não só de Bioética, mas também de Cuidados Paliativos, dos futuros médicos que estão em formação nessa mesma Faculdade de Medicina.




Ora é num inquérito realizado sob coordenação deste sorridente psicólogo que Bruno Maia, 37 anos, candidato em 5º lugar nas listas do Bloco de Esquerda pelo Porto nas eleições legislativas de Outubro de 2019 (não eleito: escolher Distrito do Porto) e médico apoiante da legalização da cannabis e da eutanásia, se baseia para afirmar que a maioria dos médicos portugueses apoiam a legalização da eutanásia.

Corre-se o Facebook da plataforma "Europeia" (por que não, "Internacional"?) "Wish to Die" e vemos um grupo de jovens sorridentes psicólogos que, sob a coordenação de um candidato a médico frustrado, se preparam para estudar e debater a eutanásia, permitindo uma legislação em conformidade com o melhor interesse dos doentes, sublinha o jornal Observador, um interesse que eles vão saber definir, obviamente.


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Proclamam estes adeptos encapotados da legalização da eutanásia que há dois modos de analisar a questão: o arcaico, tradicional, fora de moda que se apoia em convicções religiosas e defende a inviolabilidade da vida e o outro, o moderno, o futuro, que centra a decisão no doente, tem compaixão, respeita a liberdade de escolha do doente e orienta essa escolha no sentido da defesa dos interesses do doente.

Profunda hipocrisia! O doente sabe que tem uma doença incurável, por isso é um ser humano em sofrimento psicológico e, muitas vezes, também em sofrimento físico a quem políticos incompetentes ou corruptos bloquearam todas as vias de sobrevivência — não só lhe impedem o acesso a uma rede de cuidados paliativos na fase terminal, mas também lhe adiam o mais elementar direito a consultas, cirurgias e tratamentos na fase inicial quando os vai pedir a um delapidado e caótico sistema nacional de saúde — deixando apenas livre uma única saída, a mais económica, a mais egoísta, a desumana, aquela que trata o doente como um assassino e o empurra subtilmente para a injecção letal.

Um comentário à notícia do Observador a merecer reflexão:

Amora Bruegas
17/12/2017
Ingenuidade ou cinismo?

O autor da iniciativa, embora aparente ter boas intenções (e deles está o inferno cheio!), avança com uma ideia do tipo "Solução Final" que visa eliminar um problema social e económico, na semelhança do que fizeram outros socialistas há algumas décadas. A ideia não sendo nova (e tão do agrado de socialistas), é sinistra e pretende beneficiar alguns pela matança de outros Seres humanos indefesos.
É bom que tenhamos os olhos e a mente bem abertos para não pactuar com a criação de mais campos de extermínio.


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