domingo, 13 de dezembro de 2015

17 mulheres eleitas em votação histórica na Arábia Saudita


As eleições de sábado na Arábia Saudita concederam às mulheres, pela primeira vez, o direito de serem, não só eleitoras, mas também candidatas.


Salma bint Hizab al-Oteibi foi eleita no distrito de Madrika, situado em Meca.
REUTERS/Faisal al-Nasser

No sábado, ocorreu na Arábia Saudita um acontecimento raro: houve eleições pela terceira vez em meio século, para preencher cargos pouco relevantes nos municípios.

Apesar do reduzido impacto que os eleitos vão ter na vida política do país, estas eleições converteram-se, porém, num acontecimento histórico porque a Arábia Saudita permitiu, pela primeira vez, que as mulheres pudessem votar e ser eleitas, embora com tantas restrições que, entre os candidatos, houve 5938 homens e apenas 978 mulheres.

Uma das eleitoras, Hatoon al-Fassi, dizia à BBC, no sábado, que não estava preocupada com os resultados, nem com a hipótese de nenhuma mulher ser eleita. "[Votar] é uma sensação excelente. É um momento histórico. Agradeço a Deus estar a vivê-lo. (...) O que realmente interessa é que pudemos exercer este direito", exultou Hatoon.



Após as autoridades locais terem começado a divulgar os resultados, foi confirmado que Salma bint Hizab al-Oteibi tinha sido eleita no distrito de Madrika, situado em Meca que é a cidade mais sagrada para o islão. De acordo com a comissão eleitoral, Salma concorreu com sete homens e duas mulheres para um lugar no conselho municipal da sua região.

Outras 16 mulheres mereceram a confiança dos eleitores. Embora nem todas as identidades das eleitas tivessem sido divulgadas ao final da tarde de domingo (hora de Portugal continental), alguns dos nomes começaram a receber os parabéns através das redes sociais: Huda, eleita em Riad; Lama, Rasha, Sana e Massoumeh, em Jedah; Hanouf, em al-Jawf; Mina e Fadhila, em Arar; Khadra, em Qatif, e Aisha, em Jazan.

A participação nestas eleições municipais não ultrapassou os 25%, os novos eleitos pouco mais podem fazer do que gerir a recolha de lixo e cuidar de jardins e o número de eleitores registados é 130 mil mulheres e 1350 mil homens.
Mas muitas mulheres souberam aproveitar esta oportunidade para enviarem mais um sinal à monarquia teocrática que governa a Arábia Saudita: em Asir, a participação das mulheres chegou a 79%, contra 52% entre os homens e, na região de Baha, foram votar 82% das mulheres registadas, contra 50% dos homens.


Saturday, December 12, 2015 - 00:45


A Arábia Saudita é o único país do mundo em que as mulheres não podem conduzir e o "guardião" masculino de uma mulher, geralmente um pai, marido, irmão ou filho, pode impedi-la de viajar para o exterior, casar-se, trabalhar, estudar ou de ter algumas formas de cirurgia electiva.

Durante o reinado do rei Abdullah, que morreu em Janeiro e que anunciou em 2011, no auge da Primavera Árabe, que as mulheres teriam o direito de votar nestas eleições locais, foram tomadas medidas para que as mulheres tivessem um papel público maior, para que um maior número entrasse na universidade e para incentivar o emprego feminino.

No entanto, enquanto o sufrágio das mulheres tem sido em muitos outros países um momento de transformação no sentido de alcançar a igualdade de género, o seu impacto na Arábia Saudita será, provavelmente, mais limitado devido à falta de democracia mais ampla e continuado conservadorismo social.
Antes de Abdullah ter anunciado que as mulheres iriam participar nas eleições municipais deste ano, o Grande Mufti do país, a figura religiosa mais antiga, descreveu o envolvimento das mulheres na política como "abrir a porta às forças do mal".


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Alguns comentários pertinentes à notícia no Público:

Aleximandros
Setúbal 14:31
"Candidata eleita nas primeiras votações abertas a mulheres na Arábia Saudita" No Estado Islâmico Saudita o sistema até "paga" para que haja "uma" no sentido de abafar os críticos.
Num País em que 90% das mulheres ainda nem estão recenseadas e que foi o último país do Mundo (leia-se em letras grandes) a "fazer o favor" de deixar as mulheres votarem realmente é um "grande feito"... Uma treta e uma mentira descomunal, como é óbvio, para "europeu, cristão, ocidental e aparvalhado" ver.

ana cristina
consultora, Lisboa 20:11
Esta coisa tresanda a fantochada. As eleitas não podem conduzir, não podem viajar, não podem andar sem luvas, não podem ter um bilhete de identidade próprio, não podem mostrar a cara em público... Qual é a autonomia que têm para exercer qualquer cargo político?

Margarida Paredes
23:57
Um pequeno passo para nós e um passo de gigante para as mulheres sauditas.


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