quinta-feira, 26 de março de 2015

Um Airbus A320 despenhou-se nos Alpes franceses - II


A queda do avião da Germanwings nos Alpes franceses deveu-se a um acto voluntário do co-piloto.

O procurador de Marselha, Brice Robin, revelou em conferência de imprensa o resultado da análise da caixa negra com as gravações de voz dos últimos 30 minutos do voo 4U9525.




Le Monde.fr | 26.03.2015 à 12h58

26 Mar, 2015, 13:28


Nos primeiros 20 minutos, o comandante e o co-piloto tiveram uma conversa amena. Em seguida, o comandante Patrick Sonderheimer levantou-se e saiu do cockpit, aparentemente para ir à casa de banho, tendo fechado a porta.

O co-piloto Andreas Lubitz ficou sozinho aos comandos do aparelho. Nesse momento passou o aparelho do piloto automático para manual e accionou o botão para reduzir a altitude da aeronave. O promotor disse acreditar que foi um acto deliberado: "Podíamos ouvi-lo respirar. Ele respirava normalmente. Não pronunciou uma única palavra desde que o piloto saiu da cabine."

O avião começou a descer. O comandante regressou, bateu levemente na porta do cockpit e usou o intercomunicador para se identificar. Mas o co-piloto não respondeu. Preso fora da própria cabine, o comandante ficou cada vez mais desesperado: "Tocaram os alarmes para avisar a tripulação da proximidade do solo e, naquele momento, pudemos ouvir pancadas violentas numa porta, alguém a tentar forçar a porta. Era uma porta forte, tinha sido reforçada, em conformidade com as normas internacionais, para proteger contra actos de terrorismo."
Não havia nenhuma maneira de entrar e parar o co-piloto. Andreas Lubitz voou calmamente em direcção à montanha, arrastando o comandante, os passageiros e a restante tripulação — mais 149 pessoas.

Agora cabe às autoridades alemãs investigar a vida do jovem co-piloto de 27 anos para descobrir a motivação do seu acto terrorista.





Le Monde.fr | 27.03.2015 à 15h16


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Desde os atentados do 11 de Setembro, são obrigatórias portas blindadas no acesso ao cockpit para proteger os pilotos. Num Airbus A320, há códigos de emergência para acesso da tripulação ao cockpit, mas os pilotos podem anulá-los, bloqueando a porta. A Airbus explica, em pormenor, o procedimento:




Finalmente vamos abordar a análise dos dados do piloto automático feita pelo administrador do fórum da Flightradar24:



Depois de ficar sozinho aos comandos do aparelho, Lubitz passou o aparelho do piloto automático para manual e accionou o botão para reduzir a altitude da aeronave dos 38.000 pés para 96 pés, o mínimo possível, que foi fixado às 9:30:55.
Logo que o transponder da aeronave enviou estes dados para a torre de controle, os controladores do tráfego aéreo tentaram contactar o avião mas o co-piloto não respondeu. E também não enviou nenhuma mensagem de emergência (código 7700). Daí os controladores terem alertado imediatamente as autoridades.


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Actualização em 27 de Março

Numerosas companhias aéreas decidiram criar uma nova regra de segurança: passa a ser obrigatório que estejam sempre dois tripulantes no cockpit.


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