segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Varoufakis envereda pela intriga política


O ministro das Finanças grego afirmou em entrevista à televisão italiana Rai 3 divulgada ontem que, se a Grécia sair do euro, a seguir será Portugal e Itália:

"O euro é frágil, é como um castelo de cartas, se se tirar a carta grega os outros [países] vão entrar em colapso.
Quero avisar a quem está estrategicamente a pensar amputar a Grécia da Europa que isso é muito perigoso. Quem será o próximo depois de nós? Portugal? O que vai acontecer quando a Itália descobrir que é impossível manter-se dentro da camisa de força da austeridade?
"

Nessa mesma entrevista, Yanis Varoukafis ainda afirmou que "altos funcionários" italianos lhe haviam confessado que a dívida pública italiana também não é sustentável:

"Eles abordaram-me para mostrar solidariedade connosco, mas disseram que não podiam falar a verdade porque Itália está em risco de insolvência e temem as consequências da Alemanha. (...) Uma nuvem de medo tem envolvido toda a Europa nos últimos anos. Em suma, estamos a tornar-nos pior do que a antiga União Soviética.
(...)
O que, nós gregos, podemos fazer pela Europa e, especialmente, pela Itália, é abrir uma pequena porta para a verdade. Nós não podemos encontrar a verdade no nosso próprio país, mas podemos abrir uma porta para que possam apoiar-nos. Desta forma, podemos sair da escuridão da austeridade e passar para a luz de uma discussão europeia racional e lógica."

A resposta do ministro italiano das Finanças e antigo economista-chefe da OCDE não se fez esperar. Ontem mesmo, Pier Carlo Padoan assegurou, via twitter, que "a dívida italiana é sólida e sustentável. A afirmação de Varoufakis é descabida". Depois seguiu-se a declaração oficial:

"Precisamos de soluções europeias assentes na confiança mútua. É nesse sentido que Itália trabalha."

*

Yanis Varoufakis é o ministro das Finanças grego ou um jogador de poker? Mal vai um país quando elege como governantes indivíduos que enveredam pela intriga para atingirem objectivos políticos. Esta estratégia do governo de Tsipras de tentar arrastar Portugal e Itália para o lamaçal onde os gregos se meteram e procurar convencer os outros países do Euro que será a catástrofe, se não derem à Grécia tudo o que pede, está condenada ao fracasso.


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