sábado, 27 de setembro de 2014

A partidocracia vai empurrar o país para um desastre


Na véspera das eleições primárias no PS, há quem não acredite que os partidos políticos portuguesas se conseguem regenerar. Não vão conseguir eliminar nem as clientelas, nem a corrupção que exaurem as finanças nacionais, restando-nos o desastre:


"O regime e os partidos

VASCO PULIDO VALENTE 27/09/2014 - 01:45

A campanha das primárias não serviu, como Seguro julga, para “democratizar” a eleição de um putativo chefe, serviu principalmente para nos mostrar o partido por dentro; o ódio fraternal que é a força motora daquela agremiação de ressentimentos.

A Monarquia caiu por causa da impopularidade da dinastia? Não. D. Luís era um rei popular e D. Carlos até certo ponto também, porque o público, e principalmente o povo urbano, o sabia anticlerical, bom copo e bom garfo e, além disso, apesar da gordura, um notório femeeiro.

Claro que D. Carlos cometeu um desastroso erro quando tentou reformar a monarquia, sem uma organização de massas, com o único e solitário apoio de uma elite de Lisboa e de alguns palacianos que o país detestava. Mas no “5 de Outubro”, se o exército não resistiu aos militantes da Carbonária, foi porque não estava disposto a defender os partidos que sustentavam o regime: o partido regenerador e o partido progressista. Na essência, as queixas não variavam do que se diz do PS e do PSD: programaticamente não se distinguiam, tinham caído na pior corrupção, só pensavam no poder e nas suas clientelas. O exército, que talvez não se importasse de sustentar o rei, não queria sustentar aquilo.

Por isso, a partir de 1910, falharam sempre as tentativas de restauração. Voltar atrás, muito bem. Excepto aos “rotativos” (o que se chama agora o “arco da governação”). Só que, tirando os “rotativos” não existia nada. Basta imaginar este nosso Portugal de 2014 sem o PS e o PSD. Qual deles seria capaz de inspirar um país exausto e desesperado? E uma coligação seria um centro de intriga mercenária e estúpida. Dada a inutilidade prática da extrema-esquerda e do CDS, começaria por deslizar para um caos relativamente manso e tarde ou cedo chegaria às mãos de um homem forte qualquer.

O episódio da “Tecnoforma”, qualquer que seja o seu fim, impedirá Passos Coelho de readquirir o respeito do cidadão comum e, por isso, em última análise, a sua presente autoridade sobre o partido. Se o PSD perder as legislativas de 2015, ficará por força à mercê das luzes de meia dúzia de autarcas, que, além de não se interessarem pelo país, vêem tudo pela fresta dos seus negócios locais. Do lado do PS, a campanha das primárias não serviu, como Seguro julga, para “democratizar” a eleição de um putativo chefe, serviu principalmente para nos mostrar o partido por dentro; o ódio fraternal que é a força motora daquela agremiação de ressentimentos. O partido não ganhará a famigerada “maioria absoluta”, que por aí apregoa, e o seu destino não irá além de uma coligação impotente, que, com ou sem o PSD, consumará o desastre."


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