terça-feira, 29 de maio de 2012

Misericórdia, Senhor, para a Misericórdia de Lisboa - II


Quando soubemos que Santana Lopes tinha sido nomeado provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pelo ministro da Solidariedade e Segurança Social, já se previa que, mais cedo ou mais tarde, haveria de dar bronca.

Lopes nunca passou de um fala-barato, boémio e despesista — recordemos os buracos financeiros que deixou, primeiro na câmara da Figueira da Foz e depois na de Lisboa — cujo único valimento é saber agradar às patetinhas cá do burgo, encher os bolsos aos amigos com contratos municipais e obter convites para dizer patacoadas na televisão.

Pois aí está a primeira argolada: foi passar uma semana de férias, disfarçada de negócios, no mais caro hotel moçambicano — o Polana —, ocupando uma suite com uma diária de 600 euros (sujeita a desconto, dizem) à conta da Misericórdia de Lisboa.

A notícia irritou os leitores do jornal e fez sair em sua defesa a corte de santanetes, gerando quase duas centenas de comentários. Este é de um fino humor:


Misericórdia! 29 Maio 2012 - 14:47
Missão e valores
As origens da SCML remontam a 15 de Agosto de 1498, devido à especial intervenção da Rainha D. Leonor de Lencastre, viúva do Rei D. João II.

A nova Irmandade ou Confraria regia-se por um Compromisso, nos termos do qual os membros da Irmandade tinham por missão pôr em prática as 14 Obras de Misericórdia, 7 espirituais e 7 corporais:

- Ensinar os simples
- Consolar os tristes e desconsolados
- Sofrer as injúrias com paciência
- Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos
- Dar bom conselho a quem o pede
- Castigar com caridade os que erram
- Perdoar os que nos ofendem
- Remir cativos e visitar os presos
- Curar os enfermos
- Cobrir os nus
- Dar de comer aos famintos
- Dar de beber a quem tem sede
- Dar pousada aos peregrinos e pobres
- Enterrar os finados.

Pelo dr. Lopes foi acrescentada mais uma Obra de Misericórdia:

- Dar férias em hotel de luxo aos provedores.










1 comentário:

  1. É exactamente esse hotel: aqui está João Proença na espreguiçadeira do Polana.

    Em Portugal há uma enorme promiscuidade entre políticos, sindicalistas, jornalistas e empresários.

    Recordo-me que Isabel Alçada recrutou um sindicalista da Fenprof para o gabinete e que, questionado sobre o assunto, Nogueira aprovou porque o dito tinha pedido a demissão antes de aceitar o cargo...
    Os ministros contratam jornalistas como assessores de imprensa. O actual ministro da Economia até foi muito criticado pelo chorudo vencimento que deu à jornalista do DN que o assessora.
    Os ministros contratam PPP’s com certas empresas e depois aparecem como CEO’s dessas empresas. Jorge Coelho e a Mota-Engil foi um destes casos.

    Agora está muita coisa a vir à superfície no processo das “secretas”.


    Sobre o estudo que analisou as crianças da Casa Pia tenho uma posição menos desfavorável. Na época era habitual preencher os buracos provocados pelas cáries com uma amálgama de chumbo, aliás ainda tenho alguns dentes nessas condições...

    ResponderEliminar