sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Uma campanha eleitoral lamentável - II


Já foi identificado o idoso que criticou António Costa, na arruada de Lisboa, por ter metido férias no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande em 2017. Miguel Coelho, autarca do PS, escreveu no Facebook:





O website do CDS-PP lista Joaquim Gustavo Pinto dos Santos Elias como candidato, em 2001, à assembleia da (antiga) Freguesia de São José, no concelho de Lisboa, na condição de independente. Um seu filho militante do CDS-PP, chamado José dos Santos Elias, foi o cabeça de lista.




Entretanto o CDS-PP divulgou um comunicado confirmando que o idoso foi um antigo autarca do partido, mas negando ter tido qualquer participação no incidente e condenando a irascibilidade de António Costa:
(...)

3. Confirmamos que há anos o senhor foi autarca do CDS numa Junta de Freguesia. Esclarecemos que a sua actuação não teve qualquer ligação, instrução ou articulação com o partido, que a ela é completamente alheio. Não criámos qualquer situação, não tivemos qualquer conhecimento nem fomos coniventes.

4. Rejeitamos e repudiamos qualquer acto de agressão, física ou verbal, em qualquer circunstância e mais ainda em período de campanha eleitoral, como de resto foi referido pela Presidente do CDS durante a campanha, ela própria alvo de vários ataques verbais e um também físico.

5. Se algum partido ou líder quer desculpar uma atitude menos reflectida, não procure no CDS uma justificação para o que é injustificável. Depois de uma atitude desproporcionada, António Costa decidiu acusar sem provas e de forma absolutamente reprovável um partido político fundador da democracia. Não vale tudo em campanha eleitoral. Nós honramos a herança que recebemos dos fundadores do nosso partido.


*

Esperava-se que a campanha eleitoral das eleições legislativas de 6 de Outubro fosse um espaço onde tanto os líderes como os especialistas em áreas primordiais dos maiores partidos políticos identificassem os problemas do País, apresentassem soluções e defendessem as suas propostas.
Não foi isso que sucedeu porque o superministro das Finanças, autor de políticas de ausência de investimento público num período de crescimento económico mundial e de cativações no sector da saúde altamente controversas, recusou participar nesse debate.

Contudo, pior que a inexistência de debate, foi o clima de tensão criado pelo partido socialista quando, após o primeiro confronto do seu líder e primeiro-ministro com o líder do maior partido da oposição, começou a cair nas sondagens e apercebeu-se que não conseguiria obter a tão ambicionada maioria absoluta.
Aliás, António Costa não só foi incapaz de sofrear o desvario dos militantes do seu partido, como ele próprio se desequilibra e reage com fúria a uma crítica pertinente — a questão das suas férias no rescaldo dos incêndios de Pedrógão Grande — na sua última arruada.

Chegamos ao fim da campanha eleitoral com uma bipolarização entre a esquerda e a direita numa altura em que a época das vacas gordas se aproxima do fim e algumas nuvens começam a aparecer no horizonte económico mundial. E impõe-se uma pergunta: será António Costa capaz de segurar o leme de um governo no meio de uma tempestade?


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