Não me surpreendeu a entrevista de Luís Amado, que mais não é que uma tentativa de permitir a sobrevivência do governo distribuindo umas prebendas pelo maior partido da oposição.
"Luís Amado é dos poucos que ainda dizem que o caminho mais curto entre dois pontos é um segmento de recta. A entrevista do fim-de-semana ao "Expresso" é um fôlego de lucidez no meio desta garotice. O ministro dos Negócios Estrangeiros diz o que nem os seus querem ouvir, mas que deveríamos querer nós: que o País precisa de acordo político urgente e o mais rápido é havê-lo sem eleições; diz que de outra forma seremos intervencionados e corremos o risco de exclusão do euro; diz que a nossa situação política é aberrante. Tirando a fra(n)queza de dizer-se saturado de governar, tudo deve ser sublinhado. Está tudo certo. Só há uma coisa estranha nesta entrevista: que não tenha sido o Presidente da República a dá-la. Porque aquelas são palavras de estadista."
Já esta defesa da ideia de um acordo político por PSG, em Sigamos Amado, o doido, me assombra e os encómios que dedica ao ministro me embaraçam, dada a responsabilidade das políticas energéticas, de obras públicas, educativas e eleitoralistas do governo na grave situação financeira do país. E, pelos comentários que se seguem, não estou só.
O que urge é afastar as clientelas que vivem à sombra do Estado, o que só será possível obrigando os partidos a aceitarem um governo de iniciativa presidencial.
rcalado 16 Novembro 2010 - 17:26
Diz-me com quem andas...
A defesa das afirmações do ministro Amado surpreendem-me, vindas de quem vêm. Geralmente, aprecio a sua capacidade de análise. Neste caso desiludiu-me. As afirmações de Luís Amado mais não são que receitas para manter o status quo, isto é, manter os mesmos políticos (ou outros que estão na fila para entrar) nos mesmos cargos. Os mesmos políticos que têm conduzido as políticas que nos levaram à situação em que estamos. Esses políticos são parte do problema mas não da solução.
A vinda do FMI é um atestado de incompetência dos políticos que temos tido. A não vinda do FMI interessa em primeiro lugar a esses políticos e não ao país. Ao país interessa que "entremos na linha". E para entrarmos na linha não creio que sejam os líderes que nos levaram para fora da linha que nos podem ajudar portanto, venha o FMI ou outros novos, mas não coligações dos que lá estão.
Coligações sem eleições não é democrático. Nenhum partido tem mandato para o fazer. Seria uma ditadura parlamentar visto que ninguém lhes pediu ou permitiu fazer tal. Cada um deles prometeu que iria governar sozinho e portanto apenas para governarem sozinhos têm mandato.
MacedoBarros 16 Novembro 2010 - 18:27
Dilema!
Como ninguém é perfeito, a proposta de coligação que o ministro, em apreço, apresentou, é uma tábua de salvação para os boys do PS, que querem partilhar lugares com os futuros do PSD. Mesmo que o ministro não pense nisto, o inferno está cheio de ideias boas...
Quanto ao resto, Amado tem o que falta a muitos políticos; seriedade, intelectualidade e maturidade, que lhe cravam na sua personalidade vincada.
De facto, "na terra dos doidos quem tem juízo é doido."
Sem comentários:
Enviar um comentário