Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, mostrou no caso das golas anti-fumo inflamáveis que é um fanático ideológico. Mas neste blogue não há fanáticos. E sempre que do ministério que ele tutela sair algo útil para os portugueses, nós divulgaremos aqui.
É o caso do vídeo publicado neste twitt. Entrámos na fase da disseminação comunitária do SARS-CoV-2, por isso se tiver de sair de casa, cumpra rigorosamente estes conselhos que podem salvar a sua vida e a dos seus familiares:
Amanhã é segunda-feira: se não puder trabalhar a partir de casa, siga os conselhos da @DNPSP e tenha especial cuidado na saída para o trabalho e no regresso a casa. pic.twitter.com/Ng9h7lzkoY
Reproduzimos na íntegra a Carta Aberta da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Farmacêuticos e da Ordem dos Enfermeiros em que solicitam ao primeiro-ministro António Costa que seja fornecido aos profissionais de saúde o equipamento de protecção de que carecem e realizados os testes laboratoriais para despistagem precoce da COVID-19 (o negrito é meu):
Lisboa, 25 de Março de 2020
Sua Excelência
Exmo. Senhor Primeiro-Ministro
Distinto Senhor Dr. António Costa,
A situação de crise de saúde pública internacional provocada pelo novo coronavírus representa um desafio ímpar a nível económico e de organização dos sistemas de saúde para qualquer país, independentemente do ponto de partida. Portugal não é certamente excepção e, precisamente pelas carências que já antes enfrentávamos, não podemos descurar a antecipação de todas as medidas possíveis para preparar o país e os seus vários sectores para a pandemia que estamos a viver.
O primeiro caso de COVID-19 no nosso país foi noticiado no dia 2 de Março, o que nos deveria ter proporcionado uma margem de manobra superior à de outros Estados que foram confrontados com o surto mais cedo e em fases em que a informação sobre as medidas a tomar era mais incipiente. Infelizmente, é entendimento da Ordem dos Médicos, da Ordem dos Enfermeiros e da Ordem dos Farmacêuticos que o Governo, e o Ministério da Saúde em particular, não têm estado a acautelar medidas básicas e que podem comprometer todo o esforço de combate a este surto, de que é exemplo máximo a escassez de equipamentos de protecção individual.
Às três associações profissionais continuam a chegar milhares de relatos de situações muito difíceis que os nossos profissionais de saúde estão a enfrentar no terreno sem estar devidamente acautelada a protecção das suas próprias vidas, dos seus familiares e dos seus doentes. De resto, a falta de equipamentos de protecção individual está a contribuir para que entre o número de infectados, ou de pessoas colocadas em quarentena por contacto com caso positivo, estejam muitos profissionais de saúde.
Não estaríamos a cumprir o nosso papel de associações de interesse público, em defesa dos direitos dos nossos doentes e dos médicos, enfermeiros e farmacêuticos, se não transmitíssemos a V. Exa. a preocupação real de, quando atingirmos o pico da pandemia, não dispormos nos nossos hospitais e centros de saúde de um número profissionais de saúde suficiente, em virtude de terem adoecido. Neste momento são várias as falhas de segurança, faltando desde máscaras, a luvas, fatos de protecção e desinfectantes alcoólicos, o que é extensível à rede de farmácias.
A este propósito, atente-se a uma notícia vinda a público no dia 24 de Março, de Espanha, com o director do Centro de Emergências e Alertas de Saúde do Ministério da Saúde espanhol a admitir que aquele país conta com mais de 5400 profissionais de saúde com COVID-19 por os stocks de equipamentos de protecção individual não terem sido suficientes. Os casos de COVID-19 entre profissionais de saúde representam em Espanha 12% do total de infecções, contra 8% em Itália e 4% na China.
Complementarmente ao acima exposto, gostaríamos também de lhe transmitir uma outra preocupação relacionada com os profissionais de saúde com exposição a SARS-CoV-2 e as orientações existentes para testagem dos mesmos. Na verdade, a Orientação 013/2020, publicada pela Direcção-Geral da Saúde no passado dia 21 de Março, mesmo nos casos de alto risco de exposição, apenas prevê uma vigilância activa do profissional, e, só perante febre ou sintomas respiratórios compatíveis com COVID-19, serão iniciados os procedimentos de caso suspeito, como a realização de exames laboratoriais.
Esta aplicação conservadora dos testes, tanto nos profissionais como nos casos suspeitos entre cidadãos, vai em sentido contrário ao que se tem feito em países que têm publicado alguns artigos com os bons resultados no controlo do surto através desta metodologia, como Islândia, Alemanha, algumas zonas de Itália ou Coreia do Sul. Os primeiros dados, agora consolidados, de que a infecção pode ser assintomática em muitos dos cidadãos reforça a importância de testar mais pessoas na fase de mitigação em que nos encontramos.
Vivemos tempos extraordinários, em que todos temos de tomar decisões com base em muito pouca informação, mas temos já uma certeza: antecipar, proteger e testar são três metodologias sem as quais nunca poderemos obter os melhores resultados para Portugal e para os portugueses.
Continuaremos a dar todo o apoio e colaboração à Autoridade Nacional de Saúde e ao Governo, como tem acontecido desde a primeira hora. E, acima de tudo, continuaremos empenhados em servir Portugal, tratando e salvando a vida dos portugueses, garantindo o capital humano necessário para que possamos desempenhar a nossa missão com os melhores resultados possíveis.
Precisamos da sua ajuda. Ajude-nos a proteger todos aqueles profissionais que cuidam de nós.
A Bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, Prof.ª Doutora Ana Paula Martins
A Bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Enf.ª Ana Rita Cavaco
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Pressuroso, o primeiro-ministro António Costa, logo acorreu ao Hospital Curry Cabral, em Lisboa, para ouvir Fernando Maltez, director do serviço de infecciologia, dar a garantia: “Não tivemos, até à data, falta de equipamento de protecção individual”, acrescentando, logo a seguir que não se deve “confundir a falta de equipamento com a racionalização dos equipamentos”, os quais “devem ser usados de acordo com as necessidades”.
O relato de um enfermeiro deste hospital confirma o que disse Fernando Maltez: “Não, nunca faltou, mas houve esse receio e por isso a disponibilidade do material era feita a conta-gotas. Actualmente estão é a racionar os equipamentos de protecção individual e é sugerido que se use mais tempo para evitar o desperdício”.
O busílis da questão está nas palavras: enquanto o médico utiliza o termo racionalizar, que significa "usar o raciocínio", o enfermeiro escolhe a palavra "racionar" cujo significado é "impor uma ração, uma pequena quantidade".
Uma enfermeira-chefe de um hospital da zona da Grande Lisboa que não é uma das unidades de primeira linha para o combate ao coronavírus, mas trata doentes suspeitos de COVID-19 nos seus serviços, descreve o que, na prática, significa racionar:
“Tinha doentes suspeitos e que aguardavam pelos resultados. Mas tinham de ser tratados, medicados e os meus enfermeiros precisavam de equipamento de protecção, nomeadamente máscaras. Pedi ao armazém 50 máscaras. Não tive resposta. Liguei, disseram que não podiam dar. Falei com o chefe acima de mim. Não obtive resposta. Tive de enviar mail à administração a explicar a situação e só aí houve autorização para me darem as máscaras”, diz, acrescentando que só lhe deram 20. Voltou a ligar e disseram-lhe que no dia seguinte arranjavam mais 10.
“Este tem sido o meu dia-a-dia. Passo horas e horas a tentar agilizar o equipamento que a equipa precisa. Não peço material só porque sim. Pedi material para proteger os profissionais de Saúde”, contou, sublinhando que no seu hospital há cerca de 14 profissionais de saúde infectados.
Para um turno de oito horas esta enfermeira-chefe disponibiliza dois respiradores de partículas FFP2: “São as que protegem o profissional de saúde e o doente ao mesmo tempo”, explicou.
Aliás, a falta de material é algo constante nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS): “Agora fala-se de falta de máscaras, luvas e fatos. Pois, antes da COVID-19 já havia e continua a existir falta de caixotes do lixo, por exemplo, ou de serviços de limpeza para prevenir as infecções”, desabafa esta enfermeira.
Também no Hospital distrital de Santarém, onde uma médica internista foi infectada há uma semana, obrigando vários médicos, doentes, enfermeiros e outros profissionais de saúde a ficar de quarentena, o material é racionado:
“Não se pode dizer que não há. Há é pouco e tem de ser usado mais tempo. Há falta de máscaras FFP2 que são as recomendadas para esta situação. Na falta destas usam-se as máscaras cirúrgicas. Também há poucas protecções para os pés e pernas”, explicou a mesma enfermeira, informando que estão a fazer turnos de 12 horas, mas as folgas ainda estão a ser cumpridas.
No Hospital do Barreiro, “actualmente há equipamento, mas desaparece rápido, porque há cada vez mais casos suspeitos”, explica uma enfermeira desse hospital. “O problema é que na primeira triagem (onde se faz a selecção de doentes com sintomas de COVID-19) apenas há mascaras cirúrgicas e devia, talvez, existir logo outro equipamento. As máscaras FFP2 são apenas para usar noutro patamar da triagem, no terceiro, em que são vistos os doentes já com suspeitas de COVID-19”, diz.
Ora “quando se tira um doente de uma ambulância e ele não vem referenciado como doente com suspeita de COVID-19, quando o tiramos para as nossas macas podemos estar logo a ser contaminados”, explicou, dizendo que, nesta fase, não é usada a máscara FFP2, nem o restante equipamento de protecção. Portanto: “Há equipamento mas só para ser usado em determinadas circunstâncias” muito limitadas.
No Centro Materno-Infantil do Norte (CMIN), no Porto, a enfermeira Helena Mota afirma que não houve nenhum caso de grávidas infectadas com a COVID-19, mas “se acontecer, o bloco está completamente preparado: há uma sala específica para receber essas doentes infectadas, dotada de todo o material necessário”.
A pergunta que os políticos deviam de fazer, e estão a iludir, é esta: quando existir uma afluência muito maior o equipamento chega?
Esses picos são imprevisíveis. Por exemplo, ontem, até às 16 horas, no hospital de São José, em Lisboa, estava tudo calmo e o material parecia não faltar. Mas, após esta hora, houve uma maior afluência de doentes com sintomas suspeitos de COVID-19, e, segundo relatou ao jornal PÚBLICO um profissional deste hospital, o equipamento para proteger o pescoço e a protecção para os pés entraram em ruptura.
Mesmo no Hospital do Litoral Alentejano, que é a região do país que menos casos tem (30 casos confirmados hoje) e onde existem materiais (desinfectantes, máscaras cirúrgicas), não há testes laboratoriais em número suficiente para testar todos os doentes porque estão a ser racionados: um médico afirma que só têm direito a 20 ou 30 por dia.
Instalaram uma unidade COVID-19 em parte do piso da ortopedia, onde estão três suspeitos da doença. Passaram a operar só doentes urgentes e oncológicos. Há cerca de uma semana o conselho de administração enviou uma directiva aos trabalhadores para recomendar-lhes que evitassem expor o hospital nas redes sociais (por exemplo, publicarem fotos) para não alarmarem a população.
Parece que a grande preocupação é evitar por todos os meios que as pessoas saibam o que realmente está a passar-se no Serviço Nacional de Saúde.
Ninguém refere, por exemplo, que a ordem dos Médicos já teve de criar um protocolo para que os médicos possam decidir quais são os doentes com COVID-19 que vão ter o direito de aceder a um ventilador e os que vão morrer sem tratamento.
Em Itália, o departamento de protecção civil da região de Piemonte teve de preparar um documento que vai decidir quais são os doentes que devem ser deixados morrer em caso de falta de camas nas unidades de cuidados intensivos:
"Os critérios para o acesso à terapia intensiva em casos de emergência devem incluir idade inferior a 80 anos ou pontuação no Índice de Comorbidade de Charlson [que indica quantas outras condições médicas o paciente possui] inferiores a 5."
Em Espanha, o critério para acesso à terapia intensiva ainda é mais drástico. O espanhol Óscar Haro, director desportivo da equipa de Moto GP LCR Honda, revelou que os médicos lhe pediram, em lágrimas, permissão para deixar morrer o pai, por falta de ventiladores:
"Não entendo como uma pessoa que trabalha desde os 15 anos, sempre a descontar para pagar impostos, morre porque não há ventiladores, porque não o podem continuar a tratar, pois há uma lei que diz que com mais de 75 anos já não interessa cuidar das pessoas e deixam-nas morrer."
Não foi revelado o que estipula o protocolo português. Não se sabe se é apenas um critério de idade ou se é aplicado o Índice de Comorbidade de Charlson e, nesse caso, outras doenças do paciente registadas no Cartão de Cidadão também serão consideradas.
Quer saber qual é o seu Índice de Comorbidade de Charlson? Encontra a resposta aqui.
"Resistência, solidariedade e coragem são as palavras de ordem. E verdade,
porque nesta guerra, ninguém mente nem vai mentir a ninguém.********
Isto vos diz e vos garante o Presidente da República. Por vós directamente
eleito para ser, em todos os instantes, os bons e os maus, o primeiro e não
o último dos responsáveis perante os Portugueses."*******************
Mensagem do Presidente da República ao País sobre a declaração do estado de emergência, Palácio de Belém, 18 de Março de 2020
Desde 3 Março 2020 que a Direcção Geral de Saúde (DGS) está a divulgar diariamente o relatório da situação epidemiológica da COVID-19, em Portugal, com dados até às 24:00 do dia anterior. Pensando que eram dados fidedignos, comecei a divulgá-los aqui.
Embora os relatórios refiram que são actualizados pelas 11:00, a DGS publicou o relatório de hoje já depois das 13:00. Apresentava, porém, o dobro das páginas habituais.
Como habitualmente, o mapa da primeira página revelava o número de óbitos; somando as parcelas relativas a cada região, obtinha-se 30:
Em novo comunicado emitido pelas 16:25, a DGS retira o óbito dos Açores e transfere-o para o continente, adicionando mais três óbitos. Explica que o paciente dos Açores não estava infectado com o novo coronavírus e houve “resultados que foram conhecidos após publicação do boletim”.
Eis o novo relatório com o mapa corrigido e mais uma linha indicando, com clareza, 33 óbitos:
Errar é humano. Até aqui tudo bem. O problema começa quando chegamos à quarta página e observamos a caracterização dos óbitos ocorridos.
O primeiro relatório tem apenas 29 óbitos, e não 30. E comparando os dois relatórios, com excepção dos 2 homens falecidos no grupo etário 50-59 anos, todos — mas todos — os outros óbitos são alterados e passam a concentrar-se no grupo 80+:
São imensos erros. E por que motivo o grupo etário 80+ não é dividido nos dois grupos 80-89 anos e 90-99 anos? Há duas décadas de diferença entre uma pessoa de 80 anos e um idoso centenário.
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Após uma reunião com virologistas e epidemiologistas, o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, ladeado pelo presidente da Assembleia da República Ferro Rodrigues e pelo primeiro-ministro António Costa, afirmou que os dados divulgados pela DGS são fiáveis.
Começa a parecer-me que a incompetência (ou será o nepotismo?) socialista já está a infestar a DGS. Vejamos o que pensam outros leitores do jornal Público:
Raquel AzulayExperiente
Eis uma boa oportunidade (perdida) para um live stream da conversa dos nossos eleitos com os especialistas. Seja como for, acredito que os números são fidedignos.
Dr. SeverinoExperiente
O título podia ser: "Quando o presidente se substitui aos especialistas".
Leitor RegistadoExperiente
Este é o Presidente que foi enganado em Tancos e garantiu que tudo tinha sido feito nos incêndios... MRS que deixe de nos tratar como crianças!
A análise seguinte explica pormenorizada e correctamente a perigosidade do coronavírus SARS-CoV-2. Foi escrita por um professor de epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa mas pode — e deve — ser lida por toda as pessoas, independentemente das suas habilitações académicas, porque apresenta de forma pedagógica a justificação das medidas de contenção em vigor no nosso país.
Como este blogue é sobretudo lido por descendentes de portugueses que enveredaram pela diáspora e, por isso, necessitam da tradução rápida acessível no canto superior direito, tomei a liberdade de copiar integralmente o texto, com as devidas vénias a quem teve a solidariedade de escrever e ao jornal Público que soube avaliar a qualidade desta análise:
“A protecção dos idosos e dos doentes crónicos vai ser crucial para o sucesso nos próximos muitos meses. Estou convencido de que iremos ultrapassar esta pandemia”. Análise de Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Manuel Carmo Gomes 22 de Março de 2020, 20:45
À data em que escrevo, a covid-19 atingiu em todo o mundo cerca de 280 mil pessoas e causou mais de 11 mil mortes. Olhamos para as curvas da incidência da doença nos nossos vizinhos em Espanha, França, Itália e Alemanha, e não conseguimos dizer com segurança, onde ou quando ocorrerá o pico da epidemia.
No passado dia 19, o Governo português enunciou um conjunto de medidas restritivas que visam limitar o contágio da doença, sendo legítimo que os cidadãos se interroguem. Por que razão chegámos aqui? A ciência ajuda-nos a compreender esta realidade? O que vai acontecer a seguir?
Talvez pareça estranho, mas é possível responder. Não com certezas absolutas, mas com confiança suficiente para poder escrever estas linhas. Tentarei em seguida cruzar conhecimentos científicos com estas preocupações de uma forma que espero compreensível e esclarecedora.
O que tem o novo coronavírus de tão especial para gerar uma pandemia com esta rapidez?
O novo coronavírus tem quatro características que, combinadas, lhe dão essa capacidade:
1. Quando uma pessoa é infectada, passa por um período em que o vírus se multiplica nos nossos órgãos de forma silenciosa e sem causar sintomas (um-dois dias), entrando em seguida num outro período (também um-dois dias) durante o qual a pessoa já é capaz de contagiar as outras. Tudo isto sempre sem sintomas.
2. O tempo geracional (serial interval), isto é, o tempo médio que decorre entre ser infectado e contagiar outrem, é curto — pensa-se que sejam cerca de quatro a sete dias. Isto significa que não leva muito tempo a formar-se uma cadeia de transmissão.
3. Múltiplas vias podem levar ao contágio: gotículas emanadas com a tosse, espirro ou a fala; via aerossol (gotículas tão pequenas que pairam no ar); contacto físico (por exemplo, mão-boca-olhos); e, eventualmente, via fecal-oral. Desconhece-se se a transmissão da grávida para o feto é possível.
4. O vírus causa uma letalidade por doença (percentagem de doentes que morre) baixa a moderada nos menores de 60 anos. Mas a doença tende a ser prolongada e, durante esta, o doente mantém-se contagioso. A maioria das estimativas da letalidade média situa-se entre 2 e 5%, variando com a capacidade do sistema de saúde. Quando esta letalidade é aplicada a um grande número de doentes, traduz-se por um monstruoso número absoluto de mortes.
Quando um vírus com estas características é introduzido numa população que está totalmente desprotegida, sem anticorpos para o vírus, as consequências são aquelas a que assistimos. Isto não é surpresa nem para especialistas em vírus nem para epidemiologistas. Há muito tempo que nos dizem que a questão seria ‘quando’ e não ‘se’ surgiria alguma vez um vírus assim.
Apesar de já termos tido más experiências com a família dos coronavírus (SARS em 2002 e MERS em 2012), a maioria dos cientistas esperava que fosse um vírus da gripe a originar a próxima pandemia. Em termos práticos, acertar na família do vírus não faz grande diferença, as características do vírus é que fazem a diferença.
Há solução? O que vem a seguir?
Sabemos o suficiente para responder a estas perguntas com alguma segurança, recorrendo à epidemiologia matemática, a área da ciência que se ocupa do estudo da dinâmica das epidemias.
O impacto de um vírus com as características acima descritas depende essencialmente de algo que a maioria dos portugueses nunca tinha ouvido falar: o número básico de reprodução da infecção, a que chamarei R₀ (lê-se R-zero).
Trata-se do número de novas infecções provocadas por uma pessoa que está infectada, antes de ser isolada. Evidentemente, há doentes que contagiam cinco ou seis pessoas ou mais, e há doentes que não contagiam ninguém. O valor do R₀ é uma média de tudo isto. No caso do novo coronavírus, tem-se situado entre dois e três, dependendo da região e da fase da epidemia. Por exemplo, se já há um estado de alerta, os doentes são identificados e isolados mais depressa, e o R₀ tende a diminuir. Em meios urbanos de grande densidade populacional, o R₀ tende a ser mais alto do que em meios rurais.
Há dois pontos fundamentais, que resultam do valor do R₀ acima mencionado. É conveniente tê-los em mente para perceber o raciocínio que se segue:
1. Na ausência de qualquer controlo da doença, a covid-19 irá atingir 60% a 80% da população. Quando, há alguns dias, a chanceler Merkel disse que 70% dos alemães podiam ser infectados, houve quem ficasse céptico. Na verdade, estava apenas bem informada.
2. A única forma de travar a propagação da covid-19 é ter, pelo menos, 60% da população imunizada (isto é, mais de 60% dos portugueses têm de ter anticorpos contra o vírus).
O ponto 1 representa o problema e ajuda-nos a compreender por que razão a epidemia cresce tão depressa em tantos países, Portugal incluído. As curvas desta epidemia crescem de forma exponencial, é um crescimento estonteante. É apenas uma manifestação da agressiva dinâmica do vírus em direcção à invasão de 60 a 80% da população. Se nada for feito, atingiremos esta percentagem em pouco tempo, o que teria terríveis consequências, às quais se retorna mais abaixo.
O ponto 2 é a solução para o problema. Existem duas formas de conseguir imunizar uma população: uma é recorrendo a uma vacina; a outra é através de imunização natural, ou seja, ter contacto com o vírus selvagem.
No que respeita à vacina, é improvável dispormos dela em menos de um ano, e isto já é um prazo optimista. Para além do tempo dos ensaios da vacina, vai ser necessário produzir centenas de milhões de doses para todo o planeta. Há poucos fabricantes com esta capacidade e a produção levará o seu tempo. As notícias que têm circulado sobre ensaios, pela primeira vez, de uma vacina em humanos, referem-se à chamada Fase 1. Esta destina-se apenas a testar a segurança da vacina (é preciso garantir que os vacinados não adoecem com a vacina). Falta a Fase 2 (optimização do conteúdo da vacina) e, em especial, a Fase 3 (teste da efectividade e segurança em grande escala), que é a mais demorada. Só depois se iniciará a produção em massa.
Quanto à imunização natural: se deixarmos a epidemia seguir o seu livre curso, sem medidas de controlo, eventualmente 60 a 80% das pessoas serão infectadas e, passado esse ponto, atingimos aquilo a que os epidemiologistas designam por “imunidade de grupo”. Nessa altura, o R₀ toma um valor menor do que 1 (cada infectado contagia menos do que uma outra pessoa) e a epidemia pára. Mesmo que seja importado um novo doente do estrangeiro, este não consegue dar origem a uma cadeia sustentada de novos doentes porque, em geral, contactará com pessoas que estão imunizadas. Podemos considerar que a população está globalmente protegida — é a imunidade de grupo a funcionar.
Mas imunizar a população desta forma tem consequências terríveis para os serviços de saúde e as populações. Nenhum serviço de saúde do mundo tem capacidade para responder ao afluxo de doentes graves que ocorreria em poucas semanas.
Os portugueses são testemunhas de que em menos de três semanas atingimos os mil doentes covid-19 e, sem medidas de contenção, o número de novos doentes aumentará a cada dia que passa. Em Itália, após um mês e meio de epidemia, verificam-se mais de 45 mil doentes e mais de quatro mil mortos, e ainda não se antevê o pico da epidemia. As autoridades italianas estão a fazer tudo o que é humanamente possível para abrandar a epidemia. O problema é a força da dinâmica do vírus em direcção aos 60-80%.
A contenção da epidemia
A China, a Coreia do Sul, Singapura e Macau provaram que é possível travar a epidemia com medidas inéditas de supressão de contactos sociais, as quais requerem uma grande aceitação e disciplina por parte da população.
Todos ouvimos nas notícias a dureza das medidas tomadas e as suas consequências para a economia. O Governo português — a meu ver, bem — deu passos nessa direcção quando, a 13 de Março, optou pelo fecho das escolas e, em especial, com o pacote de medidas emanadas pela resolução do Conselho de Ministros do passado dia 19 de Março. São conhecidas de todos, são todas pertinentes, não as irei enumerar.
Todas estas medidas têm como objectivo principal reduzir a proximidade física entre as pessoas, evitando, assim, o contágio da doença pelas suas múltiplas vias de transmissão. Se tivermos sucesso, o valor do R₀ diminuirá e a rapidez com que a epidemia cresce irá abrandar. A epidemia passará então por um pico que todos desejamos que não seja muito alto (poucos doentes por dia quando chegarmos ao pico). Se nos mantivermos firmes e disciplinados nas medidas de contenção, o valor do R₀ irá tornar-se menor que 1 e o número de novos doentes começará a diminuir todos os dias. Aconteceu na China, iremos conseguir também em Portugal.
Uma consequência importante das medidas de contenção é que o pico da epidemia não será tão alto e estará deslocado para mais tarde no tempo. Este achatamento e atraso na ocorrência do pico é aquilo a que os epidemiologistas designam por “aplanar a curva epidémica”. Quando as previsões vão adiando a ocorrência do pico, isso significa, em geral, que as medidas implementadas estão a surtir efeito.
Ao ultrapassarmos o pico da epidemia, nada está ganho, mas precisamos desesperadamente dessa acalmia para nos reorganizarmos. Os serviços de saúde precisam também de ganhar tempo, criar estruturas organizadas e treinadas, gerir recursos e equipamentos para continuar a ter capacidade de resposta. Há equipas de cientistas portugueses a monitorizar a epidemia que estarão atentos aos sinais do impacto das medidas decretadas pelo Governo ao longo das próximas semanas. Deixo aqui uma palavra de muito apreço aos académicos de várias instituições que nos últimos dias largaram as suas actividades e se disponibilizaram para apoiar os colegas do Instituto Ricardo Jorge a analisar os dados da epidemia, construir modelos, efectuar previsões, discutir soluções. Grande espírito de corpo por parte da Academia.
É de realçar a importância de dois pilares fundamentais na contenção da epidemia de covid-19:
A. É fundamental apoiar e proteger os nossos profissionais de saúde de todas as formas possíveis. Há que assegurar a disponibilidade de material de protecção individual para quem está na linha da frente.
B. É obrigatório proteger os nossos idosos e as numerosas pessoas que são portadoras de doenças crónicas de alto risco para este vírus: hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes. Todos os esforços devem ser feitos para disseminar este apelo.
Estas pessoas, quando são infectadas, têm elevado risco de contrair formas graves da covid-19 e de requerer cuidados hospitalares intensivos prolongados. Quando são internadas, o curso da doença é, em geral, lento, podendo estes doentes estar sob cuidados quatro a seis semanas, ou mais! É muito tempo. Um afluxo de muitos doentes com a covid-19 num espaço de poucas semanas vai obstruir a capacidade de resposta dos serviços de saúde. Vimos assistindo a isso em Itália e as consequências estão a ser devastadoras.
Os netos e os filhos devem manter distanciamento físico em relação aos avós. Os lares de idosos devem ser cautelosamente protegidos de infecção importada por pessoas bem-intencionadas que desconhecem estar a transmitir o vírus. A protecção dos idosos e dos doentes crónicos vai ser crucial para o sucesso nos próximos muitos meses.
O alívio da contenção e a possibilidade da segunda onda epidémica
Ultrapassado o pico da epidemia, se conseguirmos que o número de novos casos por dia continue a descer, haverá uma altura em que será possível, até desejável, o alívio das medidas de contenção.
Mas este assunto é delicado. O vírus continuará a circular no planeta; Portugal continuará por muito tempo a importar pessoas infectadas e, uma vez que estamos longe dos ambicionados 60% de imunizados que nos conferem imunidade de grupo, corremos o sério risco de uma segunda onda epidémica, que pode ser tão agressiva como a que vivemos. A China corre esse risco neste preciso momento. Isto não significa que não devamos tentar, mas o processo vai necessitar de acompanhamento apertado e gestão cautelosa.
Num mundo ideal, os idosos e os doentes crónicos continuariam sempre protegidos, e reiniciaríamos gradualmente as actividades das pessoas com menor risco de doença grave. Estas pessoas passariam a ter maior risco de infecção do que quando estavam confinadas. Nesse mundo ideal, manteríamos a separação entre elas e os idosos, de forma a que as novas cadeias de transmissão se formassem apenas entre as pessoas de menor risco para doença grave.
Sempre mantendo baixa incidência da doença, conseguiríamos, com esta estratégia, ir imunizando naturalmente os sectores da população de menor risco, caminhando em direcção aos 60% de imunizados na população, circunstância que nos aproximaria do desejado estado de imunidade de grupo. Esta estratégia ideal é difícil de implementar na perfeição. Se ficarmos abaixo (por exemplo, ao nível de 20 a 30% da população imunizada naturalmente), a possibilidade da segunda onda não será evitada. Contudo, esta será mais lenta, permitindo maior capacidade de resposta dos serviços de saúde. A razão é simples: quando um doente contactar com uma pessoa que poderia contagiar, existirá uma certa probabilidade de que essa pessoa já esteja imunizada. O valor efectivo do R₀ será, então, mais baixo do que no início da primeira onda.
Várias equipas de investigação, em muitos países, estão neste momento focadas em estudar este problema. Todos concordamos que, quando um país aliviar as medidas de contenção, terá de ter uma máquina bem montada de detecção rápida dos novos doentes, rastreio rápido dos contactos destes doentes, imposição de quarentenas locais aos contactos dos doentes. Mais uma vez, será necessário o extraordinário trabalho dos nossos delegados de saúde e das suas equipas. A existência ou não de uma segunda onda dependerá, em grande parte, do apoio que lhes consigamos prestar.
Temos pela frente muitos meses difíceis, inéditos, durante os quais faremos todo o possível para minimizar os danos causados pela covid-19 enquanto não chega a vacina. Estou convencido de que iremos ultrapassar esta pandemia com muitas histórias para contar, novas competências e uma forma mais humilde de olhar o mundo.
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Sobre a importância do valor do R₀, o leitor interessado pode visualizar o gráfico apresentado no vídeo divulgado aqui.
Os idosos e os doentes crónicos devem prestar muita atenção à possibilidade da segunda onda epidémica, muito bem explicada no final desta excelente análise, devem continuar a lavar as mãos com frequência e usar máscaras cirúrgicas quando receberem visitas ou saírem para a rua.
Angela Merkel dirigiu-se aos cidadãos alemães para explicar as restrições e apelar a que cada um se isole e distancie como meio de travar a pandemia do novo coronavírus:
“Caros cidadãos,
O coronavírus está a mudar dramaticamente as nossas vidas, a nossa compreensão da normalidade, da vida pública, da união social — tudo está a ser testado como nunca antes. Milhões de vós não podem ir trabalhar, os vossos filhos não podem ir à escola, ao jardim de infância. Teatros, cinemas e lojas estão fechados e o que é talvez mais difícil: todos sentimos falta dos encontros sociais que, noutras circunstâncias, tomávamos como reconhecidos.
Claro que, cada um de nós tem muitas perguntas e preocupações em tal situação sobre os próximos dias. Dirijo-me hoje a si desta maneira invulgar, porque quero dizer-lhe o que me guia — como chanceler — e a todos os meus colegas do governo federal nesta situação.
Isto faz parte do que é uma democracia aberta: que tomamos decisões políticas transparentes e as explicamos, que nos justificamos e comunicamos as nossas acções da melhor maneira possível para que as pessoas sejam capazes de compreendê-las. Acredito firmemente que passaremos este teste, se realmente todos os cidadãos o virem como tarefa deles.
Deixem-me dizer: Isto é sério, por favor leve a sério também. Desde a reunificação alemã, não, desde a Segunda Guerra Mundial, não houve outro desafio ao nosso país em que a nossa acção solidária seja tão importante. Quero explicar a nossa posição actual na epidemia, o que o governo federal e os governos estaduais estão a fazer para proteger todos na nossa comunidade e para limitar os danos económicos, sociais e culturais. Mas também quero dizer-lhe por que a sua actuação é necessária e o que cada um e todos podem fazer para ajudar.
No que diz respeito à epidemia, as informações baseiam-se em consultas constantes do governo federal ao Instituto Robert Kock e a outros cientistas e virologistas: estão a decorrer pesquisas intensas em todo o mundo mas ainda não há tratamento, nem vacina contra o coronavírus.
Enquanto for este o caso — e esta é a diretriz de toda a nossa actuação — só há uma coisa a fazer: retardar a propagação do vírus, aplanar a curva durante vários meses e ganhar tempo. Tempo para a ciência desenvolver medicamentos e vacinas. Mas, acima de tudo, tempo para que aqueles que adoecerem possam ser tratados da melhor maneira possível.
A Alemanha possui um excelente Sistema Nacional de Saúde, talvez um dos melhores do mundo. Podemos sentir confiança. Mas até os nossos hospitais ficariam completamente sobrecarregados se, em pouco tempo, demasiados pacientes fossem admitidos sofrendo sintomas graves de uma infecção pelo vírus.
Estes não são números abstractos em estatística, mas um pai ou avô, uma mãe ou avó, um parceiro — são pessoas. E nós somos uma comunidade em que toda a vida e todo o ser humano conta.
Nesta oportunidade, quero abordar primeiro aqueles que são médicos, trabalham em enfermagem ou nos hospitais ou em trabalho geral na saúde pública. Nesta batalha vós estais na linha da frente, sois os primeiros a ver os doentes e quão severas são algumas infecções. E todos os dias ides trabalhar de novo e estais lá para as pessoas. O que vos realizais é tremendo e agradeço-vos do fundo do meu coração por isso.
Então o objectivo é diminuir a velocidade do vírus na Alemanha. E com isto — isto é existencial — devemos definir uma coisa: reduzir ao máximo a vida pública. Claro que dentro da razão e com a perspectiva — o país continuará a funcionar — naturalmente os fornecimentos serão garantidos continuamente. E queremos preservar o máximo de actividade económica possível. Mas qualquer coisa que possa ameaçar pessoas, qualquer coisa que possa ameaçar o indivíduo ou a comunidade, isso temos de reduzir agora. Temos que limitar o risco de que uns possam afectar os outros, tanto quanto possível.
Sei quão dramáticas as restrições já são, nenhum evento, nenhuma feira, nenhum espectáculo e, por enquanto, nem escola, nem universidade, nem jardim de infância, nem brincar em recreios.
Sei quanto os encerramentos — com os quais os governos federal e estaduais concordaram — interferem na nossa vida e também na nossa auto-imagem democrática. São restrições como nunca existiram nesta república. Deixe-me garantir-lhe — por alguém para quem a liberdade de viajar e de movimento foram direitos tediosamente lutados —
essas restrições são justificáveis apenas em situação excepcional. Numa democracia nunca deveriam ser descuidados e apenas ser adoptados temporariamente.
Mas agora são indispensáveis para salvar vidas por isso, desde início da semana, verificações nas fronteiras e limitações de entrada estão em vigor. Para a economia, para as grandes empresas e as pequenas empresas, para lojas, restaurantes, freelancers já é muito difícil e as próximas semanas serão ainda mais difíceis.
Asseguro-vos que o governo federal faz tudo ao seu alcance para aliviar as consequências económicas e especialmente preservar empregos. Podemos e vamos utilizar tudo que for preciso para ajudar as nossas empresas e trabalhadores neste teste difícil. E todos podem confiar no fornecimento de alimentos a qualquer momento. Se as prateleiras forem esvaziadas num dia, serão reabastecidas. Para todos os que fazem compras nos supermercados, quero dizer: o armazenamento é sensato — aliás, sempre foi — mas em grau mensurável. Acumular como se nunca mais houvesse de novo, é inútil e completa ausência de solidariedade.
E, neste momento, deixem-me agradecer a pessoas que raramente recebem agradecimentos. Quem hoje em dia está sentado num terminal de caixa ou reabastece as prateleiras, presta um dos trabalhos mais difíceis agora. Obrigada por estarem aí para os vossos concidadãos e literalmente manterem a loja (o espectáculo) a funcionar.
Agora, para o assunto que é mais urgente para mim: todas as medidas governamentais seriam desprovidos de propósito, se não utilizássemos os meios mais eficazes contra a propagação demasiado rápida do vírus. E isso é: nós próprios. Tão indiscriminadamente como cada um de nós pode ser afectado pelo vírus, assim cada um deve ajudar.
Primeiro levando o assunto de hoje sério. Não entre em pânico, mas nem por um momento pense que eles não desempenham um papel. Ninguém é dispensável.
Todos contam. Requer esforço de todos nós. É isso que uma epidemia nos mostra quão vulneráveis todos somos, quão dependente do comportamento atencioso dos outros, mas também como através de acções comuns podemos protegermo-nos e fortalecemo-nos uns aos outros.
Todos contam. Não somos condenados a levar a propagação do vírus passivamente. Temos um remédio contra ele. Temos que — por consideração — manter as distâncias uns dos outros. O conselho dos virologistas não é ambíguo. Nenhum aperto de mão, lavagem cuidadosa e frequente das mãos, pelo menos 1,5 m de distância uns dos outros e contacto idealmente escasso com os mais velhos porque eles estão especialmente em risco.
Sei quantos estes pedidos são difíceis para nós. Especialmente em tempos de angústia queremos estar perto dos outros, sabemos cuidar com proximidade corporal ou toque mas, de momento, infelizmente o oposto é que está certo.
Todos precisamos de entender realmente isto: de momento apenas a distância é expressão de cuidado. A visita bem intencionada, a viagem que não era necessária, tudo iso pode significar infecção e realmente agora não deve ocorrer. Existe uma razão pela qual os especialistas dizem: avós e netos não devem encontrar-se. Aqueles que evitam encontros desnecessários ajudam todos os que, em hospitais, têm de cuidar diariamente mais casos. É assim que salvamos vidas.
Vai ser difícil para muitos e nisso dependerá — para não deixar ninguém sozinho — cuidar daqueles que precisam de conforto e confiança. Como famílias e sociedade encontraremos outras formas de apoiarmo-nos uns aos outros.
Já existem muitas formas criativas que enfrentam o vírus. Já existem netos que gravam um podcast para os avós para que não estejam sozinhos. Todos temos que encontrar maneiras de mostrar carinho e amizade — Skype, telefonemas, e-mails — e talvez escrevendo cartas novamente, o correio está a ser entregue apesar de tudo.
Ouve-se exemplos maravilhosos de ajuda de vizinhos aos idosos que não podem fazer compras por eles próprios. Tenho a certeza de que é possível mais. Vamos mostrar como sociedade que não abandonamos os outros.
Apelo a si: respeite as regras que se aplicam nos tempos mais próximos. Nós, como governo, examinaremos constantemente o que pode ser corrigido mas também o que pode ser necessário em adição. Esta é uma situação dinâmica e continuaremos aptos a aprender, ser capaz de repensar e responder com outras ferramentas a qualquer momento.
Também vamos explicar isso. Por isso, peço-lhe: não acredite em boatos! Mas apenas em mensagens oficiais que também traduzimos em várias línguas. Nós somos uma democracia, não vivemos a ser forçados mas compartilhando conhecimento e colaboração. Esta é uma tarefa histórica que pode ser superada se a enfrentarmos juntos.
Tenho a certeza absoluta que vamos superar esta crise. Mas quantas vítimas exigirá? Quantos entes queridos vamos perder? A resposta, em grande parte, está nas nossas próprias mãos. Agora podemos tomar acções decisivas todos juntos. Podemos aceitar as restrições actuais e apoiarmo-nos uns aos outros.
A situação é grave e o resultado incerto. O nosso sucesso depende também, em larga medida, de quão disciplinados cada um de nós for no cumprimento das regras. Mesmo que isto seja algo quem nunca experimentámos antes, devemos mostrar que podemos actuar calorosa e racionalmente — e assim salvar vidas.
Depende de cada um e de todos nós fazer isto, sem qualquer excepção. Cuide de si e dos seus entes queridos. Obrigada."
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No momento em que se vive a maior crise do século XXI no mundo ocidental, esta mensagem de Angela Merkel aos alemães projecta-a para o topo dos estadistas mundiais. É a líder perfeita não só para a Alemanha, como também a escolha certa para um governo da União Europeia.
Se já existisse um governo Europeu chefiado por esta Política (com letra maiúscula), dezenas de milhares de vidas seriam poupadas pela COVID-19 entre a população europeia. Nas próximas eleições legislativas para um governo europeu, exijo poder votar em Angela Merkel.
DERRIC News
"at the moment, only distance is expression of care" what a historic sentence.
Steve Penney
I envy Germany, for having this level of compassionate leadership.
Richard Wells
How good it must be to have an intelligent, compassionate leader.
Damiano Benzoni
As a foreigner living in Germany and learning German, thanks a lot. This was a great service for us.
Leonardo Diehl
How about we forget our country's boundaries for a moment, and start looking for ourselves as a whole planet through this fight?
Merkel already has my vote as our leader.
Tradução:
DERRIC News
"no momento, apenas a distância é expressão de cuidado carinhoso", que frase histórica.
Steve Penney
Invejo a Alemanha por ter este nível de liderança compassiva.
Richard Wells
Quão bom deve ser ter um líder inteligente e compassivo.
Damiano Benzoni
Como estrangeiro vivendo na Alemanha e aprendendo alemão, muito obrigado. Este foi um óptimo serviço para nós.
Leonardo Diehl
Que tal esquecermos as fronteiras do nosso país por um momento e começarmos a olhar para nós como um planeta inteiro por via desta luta?
Merkel já tem o meu voto para nossa líder.
Eis a imagem de uma ferramenta informática que foi disponibilizada hoje aos portugueses:
O governo Costa é o maior responsável pelo estado de penúria e de desorganização do Serviço Nacional de Saúde, apesar de dizer que o defende. Os primeiros casos de infecção pelo coronavírus surgiram em 2 de Março e não havia, nem ainda foram comprados equipamentos de protecção para os profissionais de saúde, máscaras cirúrgicas para a população — em especial para os grupos de risco —, testes de diagnóstico e ventiladores.
Todavia este governo está a fazer trabalho de qualidade na área informática. Foi hoje divulgada uma plataforma informática que procura responder aos inúmeros problemas com que se defrontam os portugueses neste momento.
Das várias áreas da plataforma, destacamos a informação dada pela ferramenta estatística Estado Epidemiológico de casos COVID-19 em Portugal que, tal como sucede com toda a restante informação, o presidente da República prometeu garantir a veracidade.
Para aceder à versão desta ferramenta para Smartphone, clique no botão cinzento do canto inferior esquerdo:
A quantidade de informação guardada é enorme: tudo o que a DGS tem divulgado no seu relatório diário está aqui, facilmente acessível através de tabelas ou gráficos. Só é pena que a ferramenta não tenha sido elaborada de modo a conservar a largura e a altura proporcionais como vemos na imagem inicial.
A ampliação de cada quadro (clicar no canto superior direito respectivo) vai dar resposta a tudo o que o leitor possa querer saber: experimente clicar em cada um dos pontos dos gráficos.
Mensagem sobre a renovação do estado de emergência aqui.
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Eis a declaração de Marcelo Rebelo de Sousa aos portugueses, que o elegeram directamente com maioria absoluta, sobre as razões que o levaram a pedir aos deputados que aprovassem o estado de emergência (o negrito é meu):
Uma decisão excepcional num tempo excepcional.
A Pandemia da Covid-19 não é uma qualquer epidemia como aquelas que já conhecemos na nossa Democracia.
Está a ser e vai ser mais intensa.
Vai durar mais tempo até desaparecerem os seus últimos efeitos.
Está a ser e vai ser um teste nunca vivido ao nosso Serviço Nacional de Saúde e à sociedade portuguesa, chamada a uma contenção e a um tratamento em família sem precedente.
Está a ser e vai ser um desafio enorme para a nossa maneira de viver e para a nossa economia. Basta pensar na saúde, na educação, no comportamento nas famílias, no trabalho, nos efeitos no turismo, nas exportações, no investimento, na fragilização de famílias e empresas, nomeadamente de pequena e média dimensão.
Esta guerra — porque de uma verdadeira guerra se trata — dura há um mês, começou depois dos vizinhos europeus e, também por isso, pôde demorar mais tempo a atingir os picos da sua expressão.
E o que fizemos nestes últimos quinze dias?
Entendemos — e bem — que, no nosso Estado Social, era e é uma tarefa de todos e não de cada um abandonado à sua sorte.
Apostámos na contenção, para tentar limitar o contágio, ganhar tempo para preparar a resposta e evitar uma concentração muito rápida da procura de cuidados de saúde.
Na contenção, o Serviço Nacional de Saúde, fez e continua a fazer heroísmo diário, pela mão dos seus notáveis profissionais.
E, com eles, todos os que estão a garantir a segurança e a produção e distribuição de bens essenciais para que o País funcione.
E os Portugueses, com a experiência de quem já viveu tudo numa História de quase nove séculos, disciplinaram-se, entenderam que o combate era muito duro e muito longo e foram e têm sido exemplares. Numa quase quarentena, que revela o bom senso de respeitar as orientações das autoridades de saúde, e digo-vos, por testemunho próprio, é nosso dever acatar as orientações genéricas e, por maioria de razão, as recomendações específicas das autoridades sanitárias.
O Governo — que tem entre mãos uma tarefa hercúlea — adoptou medidas, tentando equilibrar contenção no espaço público e nas fronteiras e não paragem da vida económica e social, medidas que todos, Presidente, Parlamento, partidos e parceiros sociais, apoiámos, conscientes de que só a unidade permite travar e depois vencer guerras.
Aqui chegados, entendi dever convocar o Conselho de Estado e, nos termos da Constituição, ouvi o Governo e solicitei autorização à Assembleia da República para decretar o estado de emergência.
Sabia e sei que os Portugueses estão divididos. Há quem o reclame para anteontem. Há quem considere dispensável, prematuro ou perigoso.
Sabia e sei que, em plena crise, as pessoas se sentem tão ansiosas, tão angustiadas, que aquilo que pedem um dia ou uma semana, uma vez dado, é logo seguido de mais exigências ou mais reclamações, à medida que as preocupações ou os temores se avolumam.
Sabia e sei que muitos esperam do estado de emergência um milagre que tudo resolva num minuto, num dia, numa semana, num mês.
Ainda assim, entendi ser do interesse nacional dar este passo. Agradeço aos Conselheiros de Estado o terem expresso as suas opiniões, ao Primeiro-ministro e ao Governo o terem aderido, solidariamente, e colaborado, de modo decisivo, no conteúdo do presente decreto, e à Assembleia da República o tê-lo autorizado com generosa prontidão e amplo consenso.
Cinco razões essenciais explicam o passo dado.
Primeira — Antecipação e reforço da solidariedade entre poderes públicos e deles com o Povo. Outros países, que começaram, mais cedo do que nós, a sofrer a pandemia, ensaiaram os passos graduais e só agora chegaram a decisões mais drásticas, que exigem maior adesão dos povos e maior solidariedade dos órgãos do poder. Nós, que começamos mais tarde, devemos aprender com os outros e poupar etapas, mesmo se parecendo que pecamos por excesso e não por defeito.
O Povo Português tem sido exemplar. Mas este sinal político, dado agora, e dado não apenas pelo Governo, mas por Presidente da República, Assembleia da República e Governo é uma afirmação de solidariedade institucional, de confiança e determinação, para o que tiver de ser feito nos dias, nas semanas, nos meses que estão pela frente.
Segunda — Prevenção. Diz o povo: mais vale prevenir do que remediar. O que foi aprovado não impõe ao Governo decisões concretas, dá-lhe uma mais vasta base de Direito para as tomar. Assim, permite que possam ser tomadas, com rapidez e em patamares ajustados, todas as medidas que venham a ser necessárias no futuro. Nomeadamente, na circulação interna e internacional, no domínio do trabalho, nas concentrações humanas com maior risco, no acesso a bens e serviços impostos pela crise, na garantia da normalidade na satisfação de necessidades básicas, nas tarefas da protecção civil, em que, nos termos da lei, todos já são convocados, civis, forças de segurança e militares. O que seria, mais tarde, se fosse necessário agir, num ou noutro caso, neste quadro preventivo e ele não existisse?
Terceira — Certeza. Esta base de Direito dá um quadro geral de intervenção e garante que, mais tarde, acabada a crise, não venha a ser questionado o fundamento jurídico das medidas já tomadas e a tomar.
Quarta — Contenção. Este é um estado de emergência confinado, que não atinge o essencial dos direitos fundamentais, porque obedece a um fim preciso de combate à crise da saúde pública e de criação de condições de normalidade na produção e distribuição de bens essenciais a esse combate.
Quinta — Flexibilidade. O estado de emergência dura quinze dias, no fim dos quais pode ser renovado, com avaliação, no terreno, do estado da pandemia e sua previsível evolução.
É um sinal político forte de unidade do poder político, que previne situações antes de poderem ocorrer, estabelece um quadro que confere certeza, dá poderes ao Governo mas não regidifica o seu exercício, e permite reavaliação na sua aplicação num combate que muda de contornos no tempo.
É também um sinal democrático.
Democrático, pela convergência dos vários poderes do Estado.
Democrático, porque é a Democracia a usar os meios excepcionais que ela própria prevê para tempos de gravidade excepcional.
Não é uma interrupção da Democracia. É a Democracia a tentar impedir uma interrupção irreparável na vida das pessoas.
Não é, porém, uma vacina, nem uma solução milagrosa, que dispense o nosso combate diário, o apoio reforçado ao Serviço Nacional de Saúde, a capacidade de pessoas e famílias continuarem a tentar limitar o contágio, para que os números a crescer cresçam menos do que os piores cenários e para que o tratamento possa ser, cada vez mais, em casa. Tudo mais cedo do que mais tarde.
Até porque, num ponto, os especialistas são claros — depende da contenção nas próximas semanas o conseguirmos encurtar prazos, poupar pacientes e, sobretudo, salvar vidas.
Temos, pois, todos de fazer por contribuir para ir o mais longe e o mais depressa possível nesta luta desigual.
E quanto mais depressa formos, mais depressa poderemos salvar vidas, salvar a saúde, mas também concentrar-nos nos efeitos, a prazo, no emprego, nos rendimentos, nas famílias, nas empresas.
E, mesmo agora, só se salvam vidas e saúde se, entretanto, a economia não morrer.
Por isso, o Estado está a ajudar a economia a aguentar estes longos meses mais agudos. Fazendo o que possa para proteger o emprego, as famílias e as empresas.
Mas nós temos de fazer a nossa parte. Não parar a produção, não entrar em pânicos de fornecimentos como se o País fechasse, perceber que limitar contágio e tratar contagiados em casa é e tem de ser compatível com manter viva a nossa economia.
Assim é em tempo de guerra, as economias não podem morrer.
Termino com um pedido.
Nesta guerra, como em todas as guerras, só há um efectivo inimigo, invisível, insidioso e, por isso, perigoso.
Que tem vários nomes.
Desânimo. Cansaço. Fadiga do tempo que nunca mais chega ao fim.
Temos de lutar, todos os dias, contra ele.
Contra o desânimo pelo que corre mal ou menos bem.
Contra o cansaço de as batalhas serem ainda muitas e parecerem difíceis de ganhar.
Contra a fadiga que tolhe a vontade, aumenta as dúvidas, alimenta indignações e revoltas.
Tudo o que nos enfraquecer e dividir nesta guerra alongará a luta e torná-la-á mais custosa e dolorosa.
Resistência, solidariedade e coragem são as palavras de ordem. E verdade, porque nesta guerra, ninguém mente nem vai mentir a ninguém.
Isto vos diz e vos garante o Presidente da República. Por vós directamente eleito para ser, em todos os instantes, os bons e os maus, o primeiro e não o último dos responsáveis perante os Portugueses.
O caminho ainda é longo, é difícil e é ingrato.
Mas, não duvido um segundo sequer, que vamos vencê-lo o melhor que pudermos e soubermos.
Na nossa História, vencemos sempre os desafios cruciais.
Por isso temos quase novecentos anos de vida.
Nascemos antes de muitos outros. Existiremos ainda, quando eles já tiverem deixado de ser o que eram e como eram.
Deixem-me terminar com um exemplo de como somos.
O exemplo da neta, enfermeira, que, no dia em que perdeu o seu avô, a primeira vítima mortal, me dizia: «Presidente, já só faltam nove dias para eu regressar à luta».
Somos assim. Porque somos Portugal.
Em Portugal, a COVID-19 foi importada através de um médico do Norte do país que foi passar alguns dias de férias em Itália e outro português que contraiu o coronavírus na Galiza, em Espanha. Os voos entre Portugal e Itália já foram suspensos e a fronteira com Espanha já foi encerrada à circulação de pessoas.
Acontece, porém, que a pandemia penetrou em todos os países da Europa, nos Estados Unidos da América e no Canadá. Era preciso suspender a circulação de pessoas de, e para, esses países. António Costa declarou ontem que nem sequer cumprirá o encerramento das fronteiras externas da União Europeia recomendado pela Comissão Europeia:
"A partir das 24:00 de amanhã (...) serão suspensos todos os voos internacionais para fora do espaço da UE e de fora do espaço da UE com destino a qualquer aeroporto nacional" com "duas excepções" definidas por Portugal: "as ligações aéreas com o Canadá, os Estados Unidos, a Venezuela e a África do Sul", países extracomunitários com forte presença das comunidades portuguesas, e "todos os países com língua oficial portuguesa", apesar de Angola ter suspendido os voos para Portugal.
Esperamos que o governo Costa e os partidos que o apoiam no parlamento sejam obrigados a revelar aos portugueses o estado de penúria e de desorganização a que conduziram o Serviço Nacional de Saúde. Os primeiros casos de infecção pelo coronavírus surgiram em 2 de Março e não havia, nem ainda foram comprados equipamentos de protecção para os profissionais de saúde, máscaras cirúrgicas para a população — em especial para os grupos de risco —, testes de diagnóstico e ventiladores.
Esperamos que um dia a classe política portuguesa seja responsabilizada pelo excesso de mortos que vai causar.
Na cabeça de alguns comentadores desta notícia do jornal Público reina a maior confusão. Portanto é altura de dar a palavra à Constituição da República Portuguesa (o negrito é meu):
Artigo 134.º
(Competência para prática de actos próprios)
Compete ao Presidente da República, na prática de actos próprios:
[...]
d) Declarar o estado de sítio ou o estado de emergência, observado o disposto nos artigos 19.º e 138.º;
[...]
Artigo 138.º
(Declaração do estado de sítio ou do estado de emergência)
A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência depende de audição do Governo e de autorização da Assembleia da República ou, quando esta não estiver reunida nem for possível a sua reunião imediata, da respectiva Comissão Permanente.
A declaração do estado de sítio ou do estado de emergência, quando autorizada pela Comissão Permanente da Assembleia da República, terá de ser confirmada pelo Plenário logo que seja possível reuni-lo.
Os órgãos de soberania não podem, conjunta ou separadamente, suspender o exercício dos direitos, liberdades e garantias, salvo em caso de estado de sítio ou de estado de emergência, declarados na forma prevista na Constituição.
O estado de sítio ou o estado de emergência só podem ser declarados, no todo ou em parte do território nacional, nos casos de agressão efectiva ou iminente por forças estrangeiras, de grave ameaça ou perturbação da ordem constitucional democrática ou de calamidade pública.
[...]
****
*
António Costa tem 108 deputados num parlamento com 230 elementos, portanto não tem maioria absoluta. Mas dispõe de, pelo menos, três muletas: o Bloco de Esquerda (19), o PCP(10)+PEV(2) e o PAN(4) que, em geral, ou se abstêm nas votações, ou votam a favor do governo Costa, sempre de maneira a deixar passar os diplomas que António Costa quer aprovar.
Em troca, obviamente, de favores que tanto podem ser um Louçã no Conselho de Estado ou o desaparecimento de exames no final do 1º ciclo e do 2º ciclo do ensino básico, porque manter uma população analfabeta funcional traz votos para os partidos da esquerda, ou de refeições vegetarianas para crianças e adolescentes que estão em crescimento e têm uma enorme necessidade de proteínas animais.
Ora Costa governa para o interesse dos socialistas e não para o interesse de todos os portugueses. Não lhe interessa que desapareçam os turistas porque foram as receitas do turismo que alimentaram o crescimento do PIB nos últimos quatro anos. Os 115 mortos nos incêndios de Pedrógão Grande não lhe retiraram votos, não é agora mais 1000 mortos que o vão preocupar.
Portanto o que disser Costa não interessa aos portugueses. Interessa-nos é o que dizem os médicos porque eles sabem quão contagioso é o SARS-CoV-2 e, além disso, sabem que faltam ventiladores que nos podem salvar a vida. E este médico fez um apelo dramático que já devia ter sido considerado pelos políticos: "Estamos em guerra", sublinha o Presidente do Conselho de Escolas Médicas Portuguesas (CEMP). É esta opinião que nos interessa.
Em Itália, o departamento de protecção civil da região de Piemonte está a preparar um documento que vai decidir quais são os doentes que devem ser deixados morrer em caso de falta de camas nas unidades de cuidados intensivos:
"Os critérios para o acesso à terapia intensiva em casos de emergência devem incluir idade inferior a 80 anos ou pontuação no Índice de Comorbidade de Charlson [que indica quantas outras condições médicas o paciente possui] inferiores a 5."
Quer saber qual é o seu Índice de Comorbidade de Charlson? Encontra a resposta aqui.
Situação em Itália em 17 Março 2020. Seguir aqui. Se aprendermos com os erros cometidos por Itália, talvez seja ainda possível evitar uma situação de ruptura no SNS.
Um comentário à notícia do Público que explica outros meandros da situação:
R Figueiredo JacintoExperiente
A desonestidade do Governo não reside só neste ponto, Costa é por carácter uma pessoa que usa a sua excepcional inteligência e capacidade de trabalho no pior sentido — primeiro a ideologia.
O Governo não encomendou protecção primária para a população, guardou as cativações. Depois, perante a gravidade, ordenou a cativação de todo os stocks no sector privado e foi ainda mais longe, cativou em seu proveito todas as importações já encomendadas pelo sector privado.
Hoje, o Governo de Costa e Centeno fornece aos serviços públicos os materiais de protecção que nos estavam reservados. Nós, cidadãos que suportamos um Governo de má fé, não encontramos no mercado nada para nos protegermos. E que diz Marcelo? Nada, porque para ele as máscaras e tudo o resto estão à distância da sua dispensa.
Em 19 Março 2020 foi disponibilizada uma ferramenta informática com toda a informação dos relatórios diários da DGS.
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Eis o relatório da situação epidemiológica da COVID-19, em Portugal, divulgado hoje pela Direcção Geral de Saúde, com dados até ontem, 16 Março 2020, 24:00:
Cerca de metade dos 448 casos confirmados estão internados, ou em enfermarias — 206 doentes —, ou em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) — 17 doentes. Os casos recuperados são 3 e ocorreu o primeiro óbito.
A DGS passou a acumular semanalmente os novos casos confirmados e os novos óbitos, a partir das 00:00 de 1 de Março de 2022, divulgando esses dados à sexta-feira.
Para conferir com as antigas contagens diárias, temos de subtrair aos dados divulgados em 8 Março (dados até 07-03-2022, 23:59:59) os divulgados em 1 Março (dados até 28-02-2022, 23:59:59), com excepção dos internamentos que são os divulgados em 8 Março[20]:
01 a 07Mar2022: novos casos confirmados 79.250, novos óbitos 162, internados UCI 78
Em 11Mar2022, ocorreu a primeira divulgação semanal, em documento pdf, mas apresentou erros: 01 a 07Mar2022: novos casos confirmados 79.278, novos óbitos 160, internados UCI 78 08 a 14Mar2022: novos casos confirmados 78.464, novos óbitos 123[21], internados UCI 66 15 a 21Mar2022: novos casos confirmados 75.276, novos óbitos 137[22], internados UCI 64
Face à avalanche de críticas que este método recebeu, a DGS decidiu divulgar o número de casos confirmados e o número de óbitos, atribuídos por dia, em 25Março2022, 28Março2022 e 29Março2022, em documentos excel. Eis um excerto do primeiro e do terceiro, relativo a Março, já com o cálculo dos casos confirmados (coluna D) e dos óbitos (coluna E):
Todos os dados do documento de 25 de Março estão estabilizados, excepto os da linha amarela (24/03/2022). São erros e atrasos na comunicação entre hospitais e laboratórios de análises e a DGS que determinam futuras alterações aos dados da véspera.
Daí, se agora compararmos os casos confirmados e os óbitos dos antigos boletins da DGS divulgados entre 1 e 10 Março, com as colunas D e E da zona azul, devemos encontrar variações significativas. No caso do boletim de 10 Março, que foi o último, são 90 e 5, respectivamente, por isso vamos corrigi-lo e, depois, prosseguir a listagem diária:
Vamos continuar a listagem dos casos confirmados e dos óbitos às 24:00 de cada dia: 28Mar2022: casos confirmados , , óbitos , 29Mar2022: casos confirmados , , óbitos , 30Mar2022: casos confirmados , , óbitos ,
Notas
^ O número de doentes internados em UCI está longe do número de ventiladores nas UCIs — 500 a 600 ventiladores, é a estimativa do médico pneumologista Filipe Froes, coordenador da UCI do Hospital Pulido Valente, em Lisboa (ver entrevista, em 11 Março 2020, entre 24:20-25:30).
Em Itália e Espanha não há ventiladores suficientes para todos os doentes graves. Em Portugal, parece que os doentes graves não estão a ser deixados sem tratamento.
^ Na conferência de imprensa do dia 23 de Maio foi dito que aos 7705 casos recuperados, então divulgados, somar-se-iam mais 9652 casos de pessoas infectadas cujos testes já tinham dado negativo para a covid-19.
Este aumento foi justificado por uma mudança de metodologia no registo de dados no trace-covid, o sistema de vigilância clínica concebido para monitorizar os doentes: “Para garantir que nenhum destes 9652 utentes era um caso já ‘extraído’, isto é, um dos 7705 casos recuperados que constam do boletim diário, e prevenir eventuais duplicações, procedeu-se a um cruzamento do número de utente”.
Esta justificação pressupõe que o número de novos recuperados não estava a ser actualizado há muitos dias. No entanto, analisando os dados acima transcritos, verificamos que tal aconteceu apenas entre 19 e 21 de Maio.
Ora, previamente, entre 16 e 18 de Maio, ocorreu o acréscimo 6430-3328 = 3102 e, posteriormente, em 22 de Maio, o acréscimo 7590-6452 = 1138, ambos também extraordinários porque o acréscimo diário foi sempre inferior a três centenas.
No entanto, os outros países europeus mantiveram a divulgação de dados à hora habitual: Reino Unido registou 1557 novos casos e 204 mortes; Espanha confirmou, hoje, 164 novos casos e 1 óbito; Itália divulgou 272 novos casos e foram ainda confirmados 72 óbitos; Alemanha registou 407 novos casos de infecção e 33 óbitos.
O boletim da DGS só foi divulgado pelas 19:00, embora apresentando 11:00 como hora de actualização; algo que, mesmo nos dias normais, é sempre feito cerca das 13:00. Foram confirmados 382 novas infecções e mais 9 óbitos.
^ No boletim da DGS do dia 03 de Julho, actualizado pelas 20:00, pode ler-se:
"Os dados referentes à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo têm como fonte os dados agregados dos respectivos Agrupamentos de Centros de Saúde. Optou-se por esta fonte porque a não notificação laboratorial no SINAVE LAB por um parceiro privado em 3 dias da semana em curso originou cerca de 200 notificações cuja distribuição ainda carece de análise."
Vários profissionais de saúde denunciam discrepâncias nos registos, como sejam surtos noticiados que não aparecem logo nos boletins da Direcção-Geral da Saúde (DGS), diferenças entre o número total de infecções e a distribuição por concelhos, um número maior de casos registados pelas autoridades de saúde do que o reportado na base de dados totais ou até concelhos que o boletim refere não terem novos doentes há semanas mas onde as Urgências locais e as Unidades de Saúde continuam a identificar casos positivos de COVID-19.
^ Desde ontem, dia 03 de Julho, que os boletins da DGS divulgam esta informação:
"Os dados referentes à ARSLVT têm como fonte os dados agregados dos respectivos ACES. Optou-se por esta fonte porque a não notificação laboratorial no SINAVE LAB por um parceiro privado em 3 dias da semana em curso originou cerca de 200 notificações cuja distribuição ainda carece de análise."
A partir de ontem, o boletim da DGS também deixou de apresentar o quadro das idades dos casos confirmados devido “a um erro informático”.
^ O boletim da DGS do dia 08 de Julho, actualizado cerca das 16:30, mantém a nota:
"Os dados referentes à ARSLVT no dia 3 de Julho tiveram como fonte os dados agregados dos respectivos ACES. Optou-se por esta fonte porque a não notificação laboratorial no SINAVE LAB por um parceiro privado entre 30-06 e 3-07 originou cerca de 200 notificações cuja distribuição ainda carece de análise."
Continua a não apresentar o quadro das idades dos casos confirmados.
^ O boletim da DGS do dia 11 de Julho, actualizado cerca das 14:00, deixou de mencionar que os dados referentes à ARSLVT no dia 3 de Julho tiveram como fonte os dados agregados dos respectivos ACES e que existiam 200 notificações cuja distribuição ainda carecia de análise.
Além disso, voltou a apresentar o quadro das idades dos casos confirmados na segunda página.
Finalmente foram contabilizados os 200 novos infectados na Região de Lisboa e Vale do Tejo que não tinham sido incluídos nos boletins da DGS entre 30 de Junho e 3 de Julho, os quais foram substituídos (bem como os restantes até 10 de Julho inclusive).
Portanto nos 542 novos casos confirmados divulgados hoje, há duas parcelas: 200 infectados que não foram contabilizados entre 30 de Junho e 3 de Julho e 342 novos casos confirmados nas últimas 24 horas.
Nada podemos fazer em relação aos links da DGS entre 30 de Junho e 10 de Julho, mas vamos manter os números de casos confirmados nos boletins actualizados nesses dias porque foram os valores enviados à Organização Mundial de Saúde, como o leitor pode confirmar na plataforma da Johns Hopkins University (JHU).
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No dia 3 de Julho de 2020, o Reino Unido divulgou a lista de 59 países e territórios considerados seguros pelo governo britânico. Os passageiros provenientes destes países e territórios não terão de cumprir os 14 dias de quarentena impostos pelo governo britânico devido ao surto de covid-19. Portugal não está incluído nessa lista.
Recordemos que a economia portuguesa baseia-se na indústria turística, em especial no turismo oriundo do Reino Unido.
^ O boletim da DGS de 1 de Agosto divulga esta nota:
"O relatório de hoje reflecte uma descida do número total de casos das regiões do Algarve e Açores, por força da necessidade de correcção da série histórica e da real atribuição dos mesmos a outras regiões de saúde."
^ O boletim da DGS de 7 de Agosto divulga esta nota:
"O relatório de hoje reflecte uma descida do número total de casos da região do Alentejo, por força da necessidade de correcção da série histórica e da real atribuição dos mesmos a outras regiões de saúde."
^ O boletim da DGS de 17 de Agosto tem apenas três páginas. Deixa de ser divulgada a tabela com a CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS CASOS CONFIRMADOS da página 2 e também a tabela com a CARACTERIZAÇÃO DOS ÓBITOS OCORRIDOS da agora desaparecida página 4.
^ A partir de 18 de Agosto os boletins da DGS passam a ter apenas duas páginas. A tabela com a CARACTERIZAÇÃO DEMOGRÁFICA DOS CASOS CONFIRMADOS POR CONCELHO será divulgada apenas à segunda-feira.
^ No dia 20 de Agosto de 2020, o Foreign & Commonwealth Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades) do Reino Unido voltou a actualizar a lista de países e territórios considerados seguros pelo governo britânico.
A partir das 4:00 do dia 22 de Agosto, Portugal será adicionado a essa lista de países seguros.
^ No dia 10 de Setembro de 2020, o Foreign & Commonwealth Office (Ministério dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades) do Reino Unido voltou a actualizar a lista de países e territórios considerados seguros pelo governo britânico.
A partir das 4:00 do dia 12 de Setembro, os viajantes provenientes de Portugal — excepto da Madeira e dos Açores — terão de cumprir uma quarentena de 14 dias no regresso ao Reino Unido.
Este dever baseia-se na avaliação actual dos riscos da COVID-19 no nosso país. Eis o gráfico Evolução de Casos Novos divulgado no Estado Epidemiologico de casos COVID-19:
A classificação como área de risco baseia-se na análise e decisão conjunta do Ministério Federal da Saúde, do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério Federal do Interior. Processa-se em duas etapas.
Na primeira, é determinado em quais países/regiões houve mais de 50 novos infectados por 100.000 habitantes nos últimos 7 dias.
Na segunda etapa, critérios qualitativos são usados para determinar se os países/regiões que nominalmente caem abaixo do valor-limite especificado têm, no entanto, um risco aumentado de infecção. O Ministério das Relações Exteriores, em particular, fornece relatórios qualitativos das missões diplomáticas alemãs sobre a situação no local.
Qualquer pessoa que entrar na República Federal da Alemanha e tenha estado numa área de risco nos últimos 14 dias antes da entrada, tem a obrigação de segregar-se de acordo com os regulamentos de quarentena dos estados federados.
Na lista aparece entre parênteses a data a partir da qual o país foi considerado área de risco.
O Conselho Federal Suíço classificou como áreas de risco os países/regiões que tenham mais de 60 novas infecções por 100.000 habitantes durante os últimos 14 dias.
Qualquer pessoa que entrar no país e tenha estado numa dessas regiões nos últimos 10 dias antes da entrada tem de ficar em quarentena. Um resultado de teste negativo não encerra a quarentena.
Após entrar na Suíça, deve declarar a sua chegada no prazo de 2 dias às autoridades cantonais competentes e, também, ficar em casa ou em outra acomodação adequada permanentemente durante 10 dias.
Quem não cumprir a obrigação de declarar a sua chegada ou colocar-se em quarentena estará a violar a Lei de Epidemias e pode ser punido com multa até 10.000 francos suíços, ou seja, cerca de 9.300 euros.
A lista será actualizada em 28 de Setembro de 2020. Portugal vai passar a estar incluído a partir dessa data.
^ De vez em quando o boletim apresenta uma descida do número de casos confirmados nos Açores. Recentemente sucedeu em 5 de Setembro de 2020 e hoje, dia 11 de Outubro de 2020, com esta justificação:
“O relatório de hoje reflecte uma descida do número total de casos da região dos Açores, por força da necessidade de correcção da série histórica e da real atribuição dos mesmos a outra região de saúde.”
^ Em 15 de Janeiro de 2021 um médico do meio socialista já tinha soltado um grito de angústia por estar a escolher entre os doentes para tratamento ou os doentes que eram deixados morrer sem tratamento por carência de camas de cuidados intensivos e de profissionais de saúde.
Hoje, 18 de Janeiro, é a Ordem dos Médicos que vem soltar um Grito de alerta pelos doentes.
^ Em 3 de Fevereiro de 2021, pelas 14h10, aterrou na base aérea de Figo Maduro, em Lisboa, um avião enviado pelo Governo alemão que transportou uma equipa médica militar alemã neste “momento difícil para Portugal”.
Os profissionais de saúde alemães permanecerão no país “durante um período de três semanas, estando prevista a sua substituição a cada 21 dias, até ao final de Março, caso seja necessário”.
Esta equipa é constituída por 26 profissionais de saúde, dos quais seis médicos, que trazem 40 ventiladores móveis e 10 estacionários, 150 bombas de infusão e 150 camas hospitalares.
Ontem, 4 de Fevereiro, passou a haver mais 41 doentes internados em unidades de cuidados intensivos (UCI) neste país:
Depois do caos nos hospitais públicos da área metropolitana de Lisboa, na segunda quinzena de Janeiro, renasce a esperança de que não haverá mais doentes infectados com o vírus SARS-CoV-2 a morrerem sem tratamento em Portugal.
^ O boletim da DGS de 20 de Setembro de 2021 divulga esta nota:
"O total de casos acumulados apresenta menos 9 casos relativamente ao dia anterior na região do Centro, resultante da correcção de 34 casos após revisão da sua classificação."
Se, dos 86 novos casos confirmados na região Centro no dia anterior, 34 eram falsos positivos, o boletim de 19 de Setembro
devia indicar nos casos confirmados da região Centro 141.881| +52 e do País 1.062.014| +643.
Assim ter-se-ia progredido para os casos confirmados 141.906| +25 da região Centro e 1.062.320| +306 em Portugal do boletim de 20 de Setembro
sem o absurdo de -9 casos confirmados na região Centro e o desaparecimento de 34 casos confirmados no País. Mais um erro a adicionar aos inúmeros erros cometidos pelas autoridades de saúde portuguesas.
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A DGS passou a acumular semanalmente os novos casos confirmados e os novos óbitos, a partir das 00:00 de 1 de Março de 2022, divulgando esses dados à sexta-feira.
Para conferir com as antigas contagens diárias, temos de subtrair aos dados divulgados em 8 Março (dados até 07-03-2022, 23:59:59) os divulgados em 1 Março (dados até 28-02-2022, 23:59:59), com excepção dos internamentos que são os divulgados em 8 Março,
ou seja,
3.352.874-3.273.624=79.250 e 21.248-21.086=162.
Hoje, 11Mar2022, ocorreu a primeira divulgação semanal, mas apresenta erros: