Peça em três actos
Acto I
Cenário: algures na Europa do Norte
Época: início da Primavera de 2017, pouco antes de 19 de Março
Personagem: Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo (conselho dos ministros das Finanças da zona euro)
"Na crise do euro, os países do norte da zona euro mostraram-se solidários para com os países em crise. Como social-democrata, considero a solidariedade da maior importância. Mas quem a exige [solidariedade] também tem obrigações. Eu não posso gastar o meu dinheiro todo em álcool e mulheres e pedir-lhe, de seguida, a sua ajuda. Este princípio é válido a nível pessoal, local, nacional e até a nível europeu", diz Dijsselbloem.
Acto II
Cenário: Washington/Lisboa
Época: pouco depois de 19 de Março de 2017
Personagem: ministro dos Negócios Estrangeiros/primeiro-ministro
"São declarações muito infelizes e, do ponto de vista português, absolutamente inaceitáveis", diz o ministro dos Negócios Estrangeiros Augusto Santos Silva.
"Pelos vistos, o presidente do Eurogrupo continua, passados estes anos todos, sem compreender o que verdadeiramente se passou. O que se passou com países como Portugal, Espanha ou Irlanda não foi termos gasto dinheiro a mais. O que aconteceu foi que nós, como outros países vulneráveis, sofremos os efeitos negativos da maior crise mundial desde os tempos da grande depressão e as consequências da Europa e a sua união económica e monetária não estar suficientemente habilitada com os instrumentos que nos permitissem responder a todos aos choques que enfrentamos", explicou.
"Está manifesto que o senhor Djisselbloem não tem nenhumas condições para permanecer à frente do Eurogrupo", acrescentou.
"Numa Europa a sério, o senhor Dijsselbloem já estava demitido neste momento. Não é possível que quem tem uma visão xenófoba, racista e sexista possa exercer funções de presidência de um organismo como o Eurogrupo", reforçou o primeiro-ministro António Costa, acrescentando: "[Portugal] não tem lições a receber do senhor Dijsselbloem em coisa nenhuma".
"A Europa faz-se com aqueles que acreditam na igualdade dos povos, aqueles que se respeitam uns aos outros, aqueles que admiram um esforço extraordinário de países do norte da Europa que tiveram depois da guerra e que também respeitam o esforço dos países do sul da Europa, que têm feito nos últimos anos para conseguirem corrigir as situações das suas finanças públicas", rematou António Costa.
Acto III
Cenário: Hotel Pueblo Camino Real, Los Álamos, Torremolinos
Época: Páscoa de 2017, pouco antes de 8 de Abril
Personagens: cerca de 800 estudantes portugueses finalistas do 12º ano de escolaridade, polícias espanhóis, dois agentes da PSP destacados para Torremolinos, dono do hotel, secretário de Estado das Comunidades.
Os estudantes portugueses pagaram cerca de 650 euros pela viagem com estadia de 7 noites. Deitam-se às 6h, passam a manhã a dormir e não deixam limpar os quartos. Depois de dois dias de bebedeira, encontram o bar fechado. Alguns começam a cometer actos de vandalismo no hotel. A polícia é chamada repetidas vezes para controlar os distúrbios. Os estudantes acabam por ser expulsos do hotel horas antes do fim da estadia.
“Os jovens destruíram azulejos, lançaram colchões pelas janelas, esvaziaram extintores nos corredores do hotel e até atiraram um televisor para uma banheira”, narra o jornal espanhol El País, citando a polícia local.
“Os desacatos no hotel provocaram danos de milhares de euros”, diz a polícia espanhola.
“O comportamento [dos estudantes expulsos] extrapolou o aceitável”, reconhece fonte da direcção nacional da PSP.
"Nunca havíamos passado por nada igual", desabafa o dono do hotel que avalia os prejuízos em 50 mil euros.
“A agência que organizou a viagem tinha seguro, mas o hotel entende que o seguro não é suficiente para cobrir os danos”, diz o secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro.
"O Diretor é uma pessoa super arrogante, fomos mal servidos no que toca a refeições, estivemos lá 6 noites e não mudaram as toalhas de banho, não limparam quartos nem mudaram as camas. As funcionárias eram mal humoradas, foi prometido bar aberto e cortaram o álcool no 3º dia. Fomos mal tratados e insultados.", diz a estudante Sofia Marinho.
"Este hotel aproveitou o facto de sermos jovens e estarmos numa viagem de finalistas para nos tratar como animais. Não nos mudavam as toalhas de banho nem os lençóis, entravam no nosso quarto de manhã cedo a gritar para nos levantarmos porque queriam limpar e se não nos levantássemos acabavam por não limpar nesse dia, a comida era extremamente repetitiva, principalmente à base de fritos. Não me senti de maneira nenhuma num hotel de quatro estrelas e apesar de termos pago, o bar aberto foi-nos retirado e os horários não cumpridos", acrescenta a estudante Inês Sousa.
"O hotel não cumpriu com o que estava acordado. O bar aberto estava incluído nas condições da estadia e foi cancelado durante um dia inteiro e depois durante alguns dias após as 20h”, reclama um estudante não identificado, especificando:
“No segundo dia não foi permitida a venda de bebidas alcoólicas e foi também a partir desse dia que foi colocado um segurança à entrada do hotel para revistar qualquer finalista que entrasse com bebidas".
Cai o pano.
Bartoon, jornal Público
Época: Páscoa de 2017, pouco antes de 8 de Abril
Personagens: cerca de 800 estudantes portugueses finalistas do 12º ano de escolaridade, polícias espanhóis, dois agentes da PSP destacados para Torremolinos, dono do hotel, secretário de Estado das Comunidades.
Os estudantes portugueses pagaram cerca de 650 euros pela viagem com estadia de 7 noites. Deitam-se às 6h, passam a manhã a dormir e não deixam limpar os quartos. Depois de dois dias de bebedeira, encontram o bar fechado. Alguns começam a cometer actos de vandalismo no hotel. A polícia é chamada repetidas vezes para controlar os distúrbios. Os estudantes acabam por ser expulsos do hotel horas antes do fim da estadia.
“Os jovens destruíram azulejos, lançaram colchões pelas janelas, esvaziaram extintores nos corredores do hotel e até atiraram um televisor para uma banheira”, narra o jornal espanhol El País, citando a polícia local.
“Os desacatos no hotel provocaram danos de milhares de euros”, diz a polícia espanhola.
“O comportamento [dos estudantes expulsos] extrapolou o aceitável”, reconhece fonte da direcção nacional da PSP.
"Nunca havíamos passado por nada igual", desabafa o dono do hotel que avalia os prejuízos em 50 mil euros.
“A agência que organizou a viagem tinha seguro, mas o hotel entende que o seguro não é suficiente para cobrir os danos”, diz o secretário de Estado das Comunidades José Luís Carneiro.
"O Diretor é uma pessoa super arrogante, fomos mal servidos no que toca a refeições, estivemos lá 6 noites e não mudaram as toalhas de banho, não limparam quartos nem mudaram as camas. As funcionárias eram mal humoradas, foi prometido bar aberto e cortaram o álcool no 3º dia. Fomos mal tratados e insultados.", diz a estudante Sofia Marinho.
"Este hotel aproveitou o facto de sermos jovens e estarmos numa viagem de finalistas para nos tratar como animais. Não nos mudavam as toalhas de banho nem os lençóis, entravam no nosso quarto de manhã cedo a gritar para nos levantarmos porque queriam limpar e se não nos levantássemos acabavam por não limpar nesse dia, a comida era extremamente repetitiva, principalmente à base de fritos. Não me senti de maneira nenhuma num hotel de quatro estrelas e apesar de termos pago, o bar aberto foi-nos retirado e os horários não cumpridos", acrescenta a estudante Inês Sousa.
"O hotel não cumpriu com o que estava acordado. O bar aberto estava incluído nas condições da estadia e foi cancelado durante um dia inteiro e depois durante alguns dias após as 20h”, reclama um estudante não identificado, especificando:
“No segundo dia não foi permitida a venda de bebidas alcoólicas e foi também a partir desse dia que foi colocado um segurança à entrada do hotel para revistar qualquer finalista que entrasse com bebidas".
Cai o pano.
Bartoon, jornal Público
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