O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, subscreveu acções da Sociedade Lusa de Negócios (SLN) em 2001, num aumento de capital da proprietária do Banco Português de Negócios (BPN). Nos anos seguintes continuou a adquirir acções e, no final de 2005, detinha 25.496 títulos comprados a um euro cada.
Em 2006 vendeu esses títulos ao BPN presidido por Oliveira Costa, mas agora a dois euros e meio por acção.
Portanto as acções foram vendidas com uma mais-valia de 150%, tendo Machete obtido um lucro de mais de 38 mil euros.
Um negócio que faz recordar a operação de compra e venda de acções da SLN/BPN realizada, entre 2001 e 2003, pelo actual Presidente da República e sua filha, com uma mais-valia de 140% e o ganho de 350 mil euros para a família de Cavaco Silva.
É necessário sublinhar que a SLN nunca esteve cotada em Bolsa, logo o preço das acções não é fixado pelo mercado. Aliás as transacções só podem ocorrer dentro de um grupo restrito de pessoas que entram na sociedade por convite.
Além disso, Rui Machete, ex-ministro da Defesa e ex-vice-primeiro-ministro do governo do bloco central PS-PSD, durante os anos 80, foi presidente do Conselho Superior da SLN, a maior accionista do BPN, entre 2000 e 2009. No conselho superior estão representados os accionistas, logo o presidente tem poder de fiscalização.
O BPN foi nacionalizado em Novembro de 2008 pelo governo de José Sócrates e já custou ao Estado 4 mil milhões de euros.
As averiguações posteriormente desencadeadas ao BPN pelo Ministério Público e pelo Banco de Portugal demonstraram que, para além dos problemas de liquidez, de imparidades colossais, das relações promíscuas entre gestores e accionistas, existiam fraudes, entre as quais se contava a criação de um banco virtual em Cabo Verde desconhecido do Banco de Portugal.
Rui Machete já confirmou a operação, em declarações à Antena 1, mas frisa que o negócio foi perfeitamente legal e considera que nada tem de censurável.
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