Decorreram ontem na Grécia as segundas eleições legislativas deste ano. Comecemos pelos resultados nacionais divulgados hoje no sítio na Internet do Ministério do Interior:
Partidos políticos/totais __________________________ Nova Democracia Syriza PASOK Gregos Independentes Aurora Dourada Esquerda Democrática KKE partidos fora do parlamento __________________________ votantes em partidos nulos/brancos __________________________ votantes abstenção __________________________ 9.950.976 eleitores inscritos | _________ _________ 62,47 % 37,53 % _________ 100,00 % | __________ 29,37 % __________ 99,01% 0,99 % __________ 100,00 % | _________ 29,66 % 26,89 % 12,28 % 7,51 % 6,92 % 6,26 % 4,50 % 5,98 % _________ 100,00% | deputados _________ 129 71 33 20 18 17 12 _________ 300 |
Comparando o mapa interactivo destas eleições com o das eleições de 6 de Maio passado, vê-se que o partido conservador Nova Democracia continua a ser o mais votado em quase todos os distritos. O Syriza alargou a sua influência, já são quinze os distritos onde é o partido mais votado, e o PASOK desapareceu do mapa.
██ Nova Democracia
██ Syriza
██ PASOK
██ Gregos Independentes
██ Aurora Dourada
██ Esquerda Democrática
██ KKE
Vejamos a transformação do parlamento entre as eleições legislativas de Maio e as de ontem:
Parlamento __________________________________ Nova Democracia (centro direita) Syriza (esquerda radical) PASOK (socialistas) Gregos Independentes (direita) Aurora Dourada (neonazi) Esquerda Democrática KKE (comunistas) __________________________________ total | 6 Mai _________ 18,85 % 16,78 % 13,18 % 10,60 % 6,97 % 6,11 % 8,48 % _________ 80,97 % | deputados _________ 108 52 41 33 26 21 19 _________ 300 | 17 Jun _________ 29,66 % 26,89 % 12,28 % 7,51 % 6,92 % 6,26 % 4,50 % _________ 94,02 | deputados _________ 129 71 33 20 18 17 12 _________ 300 | variação ________ +21 +19 -8 -13 -8 -4 -7 ________ |
Os únicos partidos que assinaram o memorando — a Nova Democracia e o PASOK —, e que têm alternado no poder desde 1974, vão ser obrigados a coligarem-se para obterem uma maioria absoluta de 162 deputados no parlamento.
O Syriza, que falhou a vitória que várias sondagens vaticinavam mas ficou por perto, já recusou participar num governo de unidade nacional proposto pelo líder do PASOK, Evangelos Venizelos, e continua a atacar as medidas de austeridade inerentes ao plano de assistência financeira da troika. Por outras palavras, mantém a defesa da política de "Sol na eira e chuva no nabal", que continua a encontrar eco na sociedade grega.
Os pequenos partidos nascidos da recessão perdem o apoio do eleitorado. Os dois que tinham entrado no parlamento em Maio — os Gregos Independentes e a Esquerda Democrática — mantêm-se, mas vêem diminuir o número de deputados. Sobretudo o primeiro, que viu fugir os votos para a Nova Democracia, partido de que foi uma dissidência.
Sendo verdade que, desta vez, os gregos decidiram votar pelo seguro — antes o pouco que as medidas de austeridade deixam que a queda no caos — também é notório que a sociedade helénica está profundamente dividida. Mesmo assim, ouviu-se o suspiro de alívio soltado pelos restantes países da Zona Euro que já reabriram os braços à Grécia.
Contados os votos, vai seguir-se o drama da formação do governo.
Cartoon publicado no jornal "Ekathimerini"
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