"Merkel pode sacrificar a Grécia para salvar a Europa" diz o ex-primeiro-ministro grego George Papandreou, em entrevista a alguns jornais europeus, entre os quais o Diário Económico.
Há espaço para renegociar o memorando grego?
Creio que sim. É assim que a Europa funciona, mas não podemos fazer deste espaço de manobra uma garantia que uns salvadores nos vão sempre dar dinheiro. Talvez se obtenha um período de ajustamento mais longo, reduzindo austeridade, ou se crie uma verdadeira política de crescimento na Europa, porque a recessão colectiva também está a afectar a Grécia. Podemos até pedir aos alemães que aumentem os seus salários. Tudo isso ajuda.
O regresso da Argentina ao peso devia inspirar a Grécia?
Para a Argentina romper as amarras com o dólar era uma operação fácil. Nós não estamos ligados ao euro, nós estamos no euro. Voltar ao dracma tardaria seis meses mas em dois dias íamos ter uma corrida aos bancos. Além disso, a Grécia não é uma economia tão orientada para as exportações como a Argentina. Sair do euro seria igual a hiperinflação, colapso de indústrias, 20% de quebra do PIB, 50% de corte nos salários. A Grécia tem de mudar de vida. Pode fazê-lo dentro ou fora do euro. Ponderámos tudo e a resposta não é simples, a preto e branco. Mas é seguramente mais escura fora do euro.
É credível a ameaça de forçar o euro por parte dos europeus?
A Grécia tem vindo a seguir o programa com êxito, apesar da reputação ser contrária. Há partes do programa que não estão a funcionar. Se não houver sentido comum, se tivermos ideias bonitas mas irrealistas na Grécia, tenho a certeza — não estou a falar de Portugal mas dos políticos dos países mais ricos — que dirão que temos de punir alguém. A Grécia seria um bom país para punir. Esse discurso moralizador existe.
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