quinta-feira, 3 de junho de 2010

Mensagem de boas-vindas



Somos cidadãos que, ao procurar conhecer o estado da economia do país e o seu posicionamento no contexto internacional, nos encontrámos no espaço dos comentadores do Jornal de Negócios.

Aí interagimos e nos apercebemos que os nossos jovens terminam a escolaridade obrigatória (9º ano) sem saber ler e escrever com um mínimo de correcção, sem compreender fenómenos científicos do quotidiano ou resolver problemas simples de Matemática, enfim, sem competências que lhes permitam exercer uma qualquer profissão. Reconhecemos que a necessidade de massificar o acesso à educação fê-la perder qualidade mas não se vislumbra que irá readquiri-la, bem pelo contrário.
Reparámos que exportamos mensalmente uma centena de jovens licenciados e importamos trabalhadores pouco qualificados do Brasil, dos PALOP, Senegal, Zaire e outros países africanos.
Sabemos que, se precisarmos de recorrer à justiça, vamos esperar longos anos para obter uma sentença.
Pressentimos que a cunha e o compadrio eliminaram o mérito na função pública, que a corrupção infecta as empresas públicas e demasiadas empresas privadas vivem à sombra do orçamento do estado.
Temos consciência do contínuo crescimento da dívida pública, da estagnação do PIB, da existência de uma população desempregada que se estima em 592 mil indivíduos no 1º trimestre de 2010, face a um total de 5 009 mil empregados, e de mais 538 mil a sobreviver com o Rendimento Social de Inserção.
Assistimos consternados à descida do Índice Sintético de Fecundidade, que já se mantém abaixo do limiar de renovação das gerações (2,1 filhos por mulher) há quase três décadas, ao valor mínimo 1,32 o que significa o desaparecimento da cultura portuguesa em três séculos.

Notámos que os nossos políticos vivem nas suas torres de marfim, nos seus condomínios fechados e não têm a noção do resultado da sua governação.
Vimos, em Abril, o Presidente da República ser repreendido pelo seu homólogo checo por causa do valor do défice orçamental português e o Primeiro-Ministro voltar de Bruxelas, a seguir ao pico da crise da dívida soberana na Europa (7 de Maio), a dizer que o mundo mudou e a impor um aumento da carga fiscal.

Continuamos a observar a crescente dificuldade da colocação da dívida soberana portuguesa através da subida, em Maio, da taxa de juro das obrigações do tesouro portuguesas, na maturidade dos 10 anos, para 4,523%.

Nunca pertencemos a partidos políticos, nem sentimos vocação para criar um novo partido ou integrar um dos já existentes. Notamos que indivíduos competentes, que procurem implementar medidas rectas dentro dos partidos políticos, são rapidamente afastados da liderança pelos aparelhos partidários.

Pretendemos criar um grupo de reflexão e debate neste blogue que, no respeito pela pluralidade de opiniões e na defesa da língua portuguesa e da idiossincrasia nacional, estabeleça metas para o país.
Pretendemos promover um aprofundamento democrático que, através de petições, iniciativas legislativas e outras ferramentas disponíveis, conduza a mudanças no nosso sistema político no sentido de aproximar e responsabilizar os eleitos perante os eleitores.

Todos os espíritos livres dispostos a colaborar com o seu engenho neste blogue, como autores ou comentadores, sem outro interesse senão o de deixarem aos seus filhos um país onde possam desfrutar de melhor qualidade de vida, serão bem-vindos.


1 comentário:

  1. Em 7 de Setembro, o spread das obrigações do tesouro portuguesas face às obrigações alemãs, na maturidade dos 10 anos, atingiu o (triste) máximo de 354 pontos base, sendo a taxa de juro 5,795%.

    Treze dias depois subiu a 6,421%, o que corresponde a um novo recorde desde 1997, de acordo com a Bloomberg.
    Este nível de juros correspondeu a um spread de 398 pontos base face à bund alemã a 10 anos.

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