segunda-feira, 18 de maio de 2015

A privatização da TAP - I


O prazo para os interessados na compra até 61% do grupo TAP apresentarem uma proposta vinculativa terminou às 17 horas desta sexta-feira, 15 de Maio.


16 Mai, 2015, 13:49


Foram apresentadas três propostas vinculativas e pouco a pouco vão sendo conhecidos os pormenores das propostas que estão resumidos neste quadro:




18 Mai, 2015, 14:02


Miguel Paes do Amaral é português, Gérman Efromovich, dono da Avianca, tem nacionalidade polaca e David Neelman, accionista da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, é norte-americano.
O Governo português tem, portanto, de confrontar-se com o facto de haver candidatos de fora da União Europeia e já contratou uma sociedade de advogados estrangeira, a Freshfields, para avaliar se os consórcios que estão a concorrer à reprivatização do grupo TAP cumprem as regras da União Europeia relativamente ao controlo de companhias aéreas, que impede cidadãos de fora da região de deter mais de 50% do capital.

Por outro lado, as ofertas para 61% do capital do grupo TAP, ao proporem uma injecção de capital de 350 milhões de euros, no máximo, não poderão retirar o grupo da situação líquida negativa de 512 milhões de euros em que se encontrava no final do ano passado.

As próximas etapas

No prazo de cinco dias úteis após a recepção das propostas, ou seja, até à próxima sexta-feira, e após ser ouvido o conselho de administração do grupo TAP quanto às propostas de projectos estratégicos, a Parpública — holding que gere as participações do Estado — terá de elaborar um relatório.
Esse relatório deve descrever pormenorizadamente as propostas recebidas e fazer a apreciação de cada um dos proponentes e das respectivas propostas, determinando o seu mérito relativo em função dos critérios de selecção definidos, o primeiro dos quais é a contribuição para o reforço da capacidade económico-financeira do grupo TAP.

Também a comissão especial de acompanhamento da reprivatização do grupo, liderada por João Cantiga Esteves, terá de se pronunciar sobre as propostas.

As regras do concurso, admitem que o Conselho de Ministros decida a realização de uma fase ulterior de negociações, com a finalidade de permitir a apresentação de propostas vinculativas melhoradas e finais pelos proponentes.

O Governo pretende que a escolha do vencedor seja feita duas semanas depois da entrega das propostas, ou seja, até ao final de Maio e quer assinar o contrato com o comprador de 61% do capital do grupo TAP até ao fim de Junho.
O futuro vencedor da privatização do grupo será obrigado a adquirir as acções destinadas aos trabalhadores, se estes não estiverem interessados. No limite pode vir a controlar 66% do grupo TAP.


A dívida do grupo TAP atingiu 1062 milhões de euros, no final de 2014, um valor tão elevado que os activos — aviões, terrenos e edifícios, equipamento, valor das rotas, ... — não conseguem cobrir a dívida e restante passivo, ficando o grupo com 512 milhões de euros de capitais próprios negativos, ou seja, em situação de falência técnica.

Mas, apesar da dívida do grupo ter atingido um valor excessivo, não vai ser o único motivo de preocupação para o eventual comprador.
É que o grupo registou prejuízos de 85,1 milhões de euros, um valor que representa um colossal agravamento face aos 5,9 milhões de euros registados em 2013 (p.25 do Relatório e contas).

A TAP Manutenção e Engenharia Brasil, unidade que nos últimos anos foi responsável pelo agravamento da situação líquida do grupo, ainda registou um prejuízo de 22,6 milhões de euros mas, se compararmos com os 40,3 milhões de euros registados no ano anterior, apresentou uma notável melhoria.

Donde veio, então, o descalabro nas contas de 2014?
Do transporte aéreo — a TAP SA — que passou de lucros de 34,0 milhões para prejuízos de 46,4 milhões. A administração do grupo explicou este resultado com "o impacto das greves na operação, pelo custo associado ao fretamento de aviões e, na vertente dos proveitos, pela redução de yield [receita média por cliente] no Brasil e na Europa, fenómeno transversal à globalidade da Indústria".


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A Avianca é a maior companhia aérea da Colômbia e a segunda maior da América Latina. Tem várias subsidiárias: Avianca Brasil, que é a quarta maior companhia de aviação do Brasil, Avianca Costa Rica, Avianca Equador, Avianca El Salvador, Avianca Peru. A sua frota inclui 4 Boeing e 120 Airbus, dos quais 10 aviões A330.

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras é a terceira maior companhia do Brasil em número de passageiros transportados e frota de aeronaves e a que mais cresce em termos de passageiros por quilómetro voado. Em Dezembro do ano passado, tornou-se uma companhia aérea de bandeira do Brasil ao começar rotas internacionais — 2 destinos nos Estados Unidos. Tem 5 Airbus A330.

A TAP SA garante ligações para 88 destinos, espalhados por 38 países e a sua frota é composta por 61 aeronaves de modelo Airbus, dos quais 14 aviões A330 e 4 aviões A340.

Um Airbus A320 custa 85 milhões de euros.
No caso do Airbus A330, o preço começa em 205 milhões de euros.
E para comprar o Airbus A350 mais baratinho, é preciso despender 240 milhões de euros.

Como contribuinte anseio pela privatização do grupo TAP, mas estas propostas de uma companhia latino-americana e de outra que está a iniciar a sua internacionalização causam-me algum desconforto. Mas quem quer investir num grupo que, assombrado por constantes greves, está a caminhar para o abismo?


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