António Costa venceu as eleições primárias para candidato do PS a primeiro-ministro, com os resultados provisórios a indicarem que recebeu 65% dos votos.
António José Seguro anunciou demissão do cargo de secretário-geral. O líder parlamentar do PS e apoiante de Seguro, Alberto Martins, também apresentou a demissão do cargo.
Havia 243 mil inscritos: 93 mil militantes e 150 mil simpatizantes. Em Lisboa, a taxa de participação superou os 70% e no concelho do Porto ficou acima dos 65%.
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Quem acompanhou a campanha eleitoral apercebeu-se que o combate foi renhido e que os militantes do PS estavam divididos entre os dois candidatos, talvez até a maioria apoiasse António José Seguro, enquanto António Costa recebia o apoio dos socialistas afectos a José Sócrates e ao ex-presidente da República Mário Soares e até de sociais-democratas como o genro de Cavaco Silva.
É óbvio que muitos dos que agora se disseram simpatizantes socialistas, foram inscrever-se nos cadernos eleitorais a mando dos partidos que iam perder deputados se a alteração da lei eleitoral para a assembleia da República proposta por Seguro fosse aprovada.
Em apoio a Costa formou-se um cortejo de políticos largamente beneficiados com a legislação, emanada de governos socialistas e de parlamentos onde o PS era maioritário, que concedeu subvenções vitalícias, distribuiu benesses e bloqueou a justiça com os recursos intermináveis e as prescrições: o antigo secretário-geral Ferro Rodrigues, compadre de Dias Loureiro, o administrador que desviou dezenas de milhões de euros do BPN, os ex-presidentes Jorge Sampaio e Mário Soares — este senhor arrecadou milhões de euros à sombra das suas fundações e estava furioso com o corte de 30% imposto pelo actual governo.
Nunca estes senhores permitirão que o número de deputados diminua de 230 para 181 e que os eleitores possam escolher, dentro do partido em que vão votar, o deputado que preferem como foi proposto por Seguro. E muito menos aceitam que deixe de haver promiscuidade entre a política e os negócios como também propôs António José Seguro.
Três anos e meio depois de levarem o País à bancarrota, os socratistas apoderam-se, de novo, do aparelho partidário do PS. Deixaram taxas de juro de 6,7% a 10 anos e agora o País recebe empréstimos a 3,9% com maturidade de 15 anos. Há dinheiro fresco nos cofres do Estado e aí estão eles a revoltearem à volta dele, tal como os tubarões são atraídos pelo sangue, prontos para regressarem a cargos no Estado que lhes permita sacarem-no para as suas contas offshores.
Venceram os socratistas. Venceu a partidocracia. Venceu o político que conseguiu transformar a Praça de Espanha num imenso lago depois de alguns minutos de chuva intensa, que deixou meia Lisboa ficar submersa e atirou as culpas para cima do Instituto do Mar e da Atmosfera.
Venceram os compadrios, os contratos a favor dos produtores de energia eléctrica e as PPPs. Venceram os interesses instalados depois do 25 de Abril que devoraram grande parte das 866 toneladas de ouro deixadas pela ditadura, dos 55 mil milhões de euros doados a Portugal pelos países da União Europeia e dos mais de 160 mil milhões que o país pediu emprestado aos mercados financeiros.
No entanto, a eleição de Costa vai obrigar muitos eleitores, que anularam os boletins de voto nos últimos actos eleitorais porque não se reviam em Passos Coelho e detestavam Paulo Portas, a ir votar numa provável coligação PSD/CDS nas eleições legislativas do Outono de 2015. Antes que Costa afunde o país. Há muito eleitor semi-analfabeto, diplomado pelo programa Novas Oportunidades. Mas nem todos os portugueses pensam que o dinheiro cai do céu, nem todos esqueceram a bancarrota que os socratistas infligiram ao País em Abril de 2011.
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