sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Todo o seu universo concentrado na bebé






Uma mulher de 34 anos foi encontrada morta, abraçada à sua filha de 20 meses.
Na auto-estrada Vila Real-Chaves, quarenta metros abaixo do seu automóvel estacionado num viaduto. Hoje, de madrugada.

Pessoas que a conheciam dizem que tinha a mãe hospitalizada, sem possibilidade de cura. Que estava desempregada e separada.
Há quem considere o acto desatinado, de alguém em depressão nervosa.
O comandante dos bombeiros de Vila Pouca de Aguiar fala numa história de sobrevivência em vésperas de Natal.

Gente de poucos afectos.
Não perceberam que esta mulher sacrificou a vida para chamar a atenção de alguma família afectuosa que pudesse dar à bebé aquilo que ela não podia.
Não perceberam que, no segredo de uma fria madrugada, se lançou no abismo de forma a proteger deliberadamente com o seu corpo a queda da filha. Como uma almofada de ar amortece o condutor num acidente.
E não a largou, nem no derradeiro momento. Apesar da brutalidade do choque no fim de uma queda de 40 m, similar ao embate de uma viatura a 100 km/h.
Salvando o ente do seu total enlevo.



Nota:
Quando uma criança se atravessa à frente de um carro que se desloca a 50 km/h, dificilmente fica ilesa.
Ora a energia do choque varia com o quadrado da velocidade, logo a 100 km/h quadruplica. É uma quantidade de energia brutal.


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